Mercadante desmascara Alckmin em debate; tucano foge do confronto
Para petista, propostas de tucano são “frango de padaria”.
Publicado 21/09/2010 11:32 | Editado 04/03/2020 17:18

O candidato do PT ao governo paulista, Aloizio Mercadante, questionou duramente seu rival, o tucano Geraldo Alckmin, durante debate promovido na noite desta segunda-feira (20/9) pela Rede Record. Após ouvir o rival dizer que os presos em São Paulo trabalham nas penitenciárias, o petista ironizou. "Os presos trabalham, sim. Trabalham muito pro PCC. [Trabalham] na porta das escolas vendendo droga", disse.
Mercadante acusou o candidato do PSDB de "torcer contra" o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fez críticas mais incisivas à segurança no Estado. "Vocês permitiram que os presos atacassem a polícia, queimassem ônibus", afirmou, em referência aos ataques do PCC na capital paulista no início de 2006.
O episódio, acontecido durante a gestão tucana, recebeu um nome digno de filme apocalíptico: “o dia em que São Paulo parou”. Delegacias alvejadas, gente largando o trabalho e voltando para casa, veículos queimados e 48 agentes públicos do estado mortos. Tudo isso foi coordenado pelo PCC de dentro dos presídios.
No final do debate, Mercadante provocou. "Eu esperava que o Alckmin fizesse perguntas pra mim, mas ele não fez. É muito fácil pegar um ator para criticar para a gente, mas é muito mais difícil vir aqui e ser transparente", disse.
As regras do debate na TV Record eram mais livres do que no debate anterior da RedeTV!, e, mesmo assim, o principal adversário de Aloizio Mercadante não se sentiu estimulado a fazer perguntas para o candidato do PT ao governo estadual. Em linguagem popular, Geraldo Alckmin “fugiu do pau”.
Com as falas, a campanha do petista reforça a contraofensiva esboçada há alguns dias e consolidada no horário eleitoral da noite desta segunda, quando passou a exibir promessas não cumpridas de seu adversário no período em que governou São Paulo, entre 2003 e 2006.
Cooperações
Ao longo do debate, outro oposicionista, Celso Russomanno, do PP criticou severamente as administrações tucanas em São Paulo. "O partido do governo recebeu o estado com 9550 homicídios por ano. Na época em que o candidato Alckmin era governador, chegou a 12677 homicídios por ano", afirmou o pepista. "Ele esteve aí 16 anos e não mudou nada", disse Russomanno.
Alckmin defendeu sua gestão, distorcendo dados e alegando que, nela, "caiu para um terço o número de homicídios". "Nos estados governados pelo PT, tudo subiu", bateu o tucano, fazendo tabelinha com Fabio Feldmann do PV nos ataques às administrações petistas.
Tucano bate, depois sai correndo
A certa altura do encontro, Alckmin foi questionado por um jornalista sobre a agressividade de sua campanha, hilariamente negada pelo tucano. "Estou absolutamente tranquilo e tenho feito uma campanha baseada em propostas (…) Minha campanha não faz nenhum ataque, ela fala verdades. Tem candidatos que são especialistas em criticar", disse, sem citar o adversário petista. "A gente tem visto aqui uma tabelinha entre candidatos que não esclarece, e sim desinforma o eleitor", afirmou.
Pelas regras do debate, em um dos blocos era possível que os candidatos fizessem perguntas livremente entre si. Sem restrições. Mesmo assim, o candidato do PSDB preferiu deixar as acusações, habituais, apenas para o horário eleitoral na tv, e nenhuma questão, ou acusação, nada, foi feito para Aloizio Mercadante.
Momento de descontração
Em um momento bem humorado, Paulo Bufalo, do PSOL, chamou Paulo Skaf, do PSB, de "camarada Skaf", e perguntou sobre sua concepção de socialismo. "Ninguém é mais socialista que o empresário moderno", afirmou Skaf, ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Mais à frente, Bufalo citou trecho do estatuto do PSB que prevê "socializar os meios de produção considerados estratégicos" e perguntou a Skaf se ele, como empresário, não via problemas na afirmação. Nervoso e gaguejando, o socialista disse não ver "conflito" e justificou afirmando ser contrário à privatização da Petrobras.
Russomanno, por sua vez, cometeu um deslize ao atribuir a Alckmin a situação do Hospital do Mandaqui, "na zona leste". O ex-governador de São Paulo não deixou por menos. "Mandaqui é na zona norte, não na zona leste", corrigiu. Mais uma vez, o tucano se apegou a uma questão acessória para fugir do cerne da discussão.
Leia também: Mercadante vai focar em eleitor de Dilma que escolhe Alckmin
Da redação