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Coluna expõe propostas de presidenciáveis para cultura

Os três candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas de opinião expõem, a pedido de "Avant-Première", suas propostas para o setor cultural. Dilma Roussef (PT) e Marina Silva (PV) responderam, por e-mail, a perguntas sobre temas como Lei Rouanet e o orçamento do Ministério da Cultura (MinC), enquanto José Serra (PSDB) optou por reproduzir declarações dadas em suas aparições públicas.

Por João Bernardo Caldeira, no Valor Econômico

Orçamento ampliado

De acordo com o MinC, seu orçamento em 2010 é de R$ 2,2 bilhões, sem contar com os recursos incentivados nem com a verba atualmente contingenciada em 50%. Indagada sobre a estimativa ideal desejada, Dilma prefere dizer que "o processo de fortalecimento do ministério terá continuidade". A candidata prevê que surgirão ainda recursos da exploração do pré-sal. Mais arrojados, Marina Silva garantiu ser possível dobrar a quantia do orçamento e José Serra promete triplicar o orçamento da pasta.

Estado forte

Proposta pelo MinC, a polêmica reformulação da Lei Rouanet é defendida por Dilma e Marina, que dizem acreditar que as mudanças vão garantir uma distribuição mais justa e descentralizada dos recursos por todo o país. O candidato do PSDB também defende alterações, sem especificar o teor das modificações, mas critica o que chama de proposta de "estatização" dos recursos, que deixaria as decisões do setor integralmente nas mãos do Estado.

Ecad na berlinda

Serra mantém o tom quanto à reforma da legislação do direito autoral, também proposta pelo governo Lula, que prevê a fiscalização das atividades do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). O tucano enxerga mais uma tentativa de "estatização" e de criação de uma empresa pública. Outra vez afinada com o discurso da candidata petista e do atual governo, Marina Silva tem ponto de vista diferente: "Não se trata de intervir sobre um órgão privado, mas de assegurar transparência".

Pontos comuns

O antigo desejo de integrar cultura e educação estão entre as metas de Marina e José Serra. Os dois também têm propostas coincidentes ao apontar a necessidade de corrigir falhas na atual política de cinema, ampliando o apoio à distribuição e ao acesso da população às obras nacionais. No único momento de consenso entre os três candidatos, todos elogiam os Pontos de Cultura, criados pelo atual governo federal, e garantem a continuidade do programa.

Continuidade X mudança

Crítico feroz da administração petista, Serra diz ainda que implementará nacionalmente a Virada Cultural, criada por ele quando prefeito de São Paulo, e ampliará a rede de museus. Integrante do governo Lula até 2008, Marina defende a continuidade, mas com correções: "Ficou-se muito mais na proposição do que na realização, é necessário ir além do que foi feito". A candidata do PT apoia as iniciativas em curso, como a criação do Vale Cultura, em tramitação no Congresso: "Manteremos a forma de fazer política cultural que desenvolvemos ao longo do governo, reforçando áreas como o acesso do trabalhador".