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Neoliberalismo levou a revoltas dos árabes

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Williams Gonçalves, a crise política que abala, não apenas o Egito, mas grande parcela do mundo árabe, tem origem bem definida: a opção de alguns governantes da região pelo neoliberalismo.

"Esta crise é produto da economia. O Egito tinha um modelo semi-estatizado desde os anos 50, quando Nasser (Gamal Abdel Nasser, que governou o país entre 1952 e 1971) promoveu forte política nacionalista, fomentando o movimento pan-arabista, começou a modernização da indústria local, falando, inclusive, em socialismo árabe, mas que, na verdade, era um capitalismo de Estado", recorda Gonçalves, acrescentando que o algodão e a indústria têxtil são a base da produção egípcia.

Já Adhemar Mineiro, observador da Rede Brasileira Pela Integração dos Povos (Rebrip), sublinha que há elementos estruturais na crise, mas para entendê-la em profundidade não se pode perder de vista a rejeição popular às medidas liberalizantes: "Na Tunísia, a Central Sindical (IGBT) teve papel importante na derrubada do governo, que retirara subsídios à alimentação e aos combustíveis neste momento em que os preços das commodities dispararam", conta.

No Egito, o economista ressalta as mudanças liberalizantes feitas, especialmente, neste último período de Mubarak no poder, cuja inversão pode trazer conseqüências até para o Brasil.

"A corrente de comércio entre Brasil e Egito totalizou US$ 2 bilhões, em 2010. Não é um valor muito alto, mas é concentrado em commodities alimentares, como carne vermelha e frango, e minerais, como minério de ferro. Para esses setores, especificamente, é um volume bastante expressivo."

Fonte: Monitor Mercantil