Guerrilha do Araguaia será debatida no Pará
Acontece nessa terça-feira (12) no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB Pará, a partir das 18 horas uma mesa redonda que debaterá a Guerrilha do Araguaia
Publicado 12/04/2011 12:36 | Editado 04/03/2020 16:53

O evento é promovido pela Fundação Mauricio Grabois Seção Pará em comemoração ao “12 de Abril” aniversário da Guerrilha do Araguaia. Participam o pesquisador Paulo Fonteles Filho; o ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues; além da OAB-Pará; o Grupo de Trabalho do Tocantins (GTT), a Associação dos Torturados na Guerrilha, Museu Paraense Emílio Goeldi,e o Partido Comunista do Brasil – PCdoB.
A Guerrilha do Araguaia
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento guerrilheiro existente na região amazônica brasileira, ao longo do rio Araguaia, entre fins da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970. Criada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), tinha como o objetivo resistir aos desmandos da ditadura militar e fomentar uma revolução socialista, a ser iniciada no campo brasileiro.
A guerrilha combatida pelo exército a partir de 1972, quando vários de seus integrantes já haviam se estabelecido na região há pelo menos seis anos, o palco das operações de combate entre a guerrilha e o Exército se deu onde os estados de Goiás, Pará e Maranhão faziam fronteira. Seu nome vem do fato de se localizar às margens do rio Araguaia, próximo às cidades de São Geraldo do Araguaia e Marabá no Pará e de Xambioá, no norte de Goiás (região onde atualmente é o norte do estado de Tocantins, também denominada como Bico do Papagaio.
O movimento pretendia derrubar o governo militar, fomentando um levante da população, primeiro rural e depois urbana, e instalar um governo socialista no Brasil, era composto varios guerrilheiros sendo que menos de vinte sobreviveram.
A grande maioria dos combatentes, formada principalmente por ex-estudantes universitários e profissionais liberais, foi morta em combate na selva ou executada após sua prisão pelos militares, durante as operações finais, em 1973 e 1974. Mais de cinqüenta deles são considerados ainda hoje como desaparecidos políticos.
Desconhecida do restante do país à época em que ocorreu, protegida por uma cortina de silêncio e censura a que o movimento e as operações militares contra ela foram submetidos, os detalhes sobre a guerrilha só começaram a aparecer cerca de vinte anos após sua extinção pelas Forças Armadas, já no período de redemocratização.
Para combater os os guerrilheiros do PCdoB, houve a mobilização de cinco mil soldados brasileiros, em três fases distintas que se prolongaram até 25 de dezembro de 1974, data em que o movimento foi definitivamente extinto. Os soldados brasileiros que participaram das operações iniciais muitos desconheciam a sua missão.
Osvaldão um exemplo de luta
Dentre os muitos nomes envolvidos na Guerrilha do Araguaia destaca-se o de Osvaldo Orlando da Costa, militante do PCdoB que chegou à região em 1966 com a missão de organizar a guerrilha rural.
Em 4 de fevereiro de 1974, enquanto abria uma trilha no mato, Osvaldão deparou-se repentinamente com uma patrulha do Exército, pela qual foi alvejado no peito com um tiro de espingarda calibre 12 disparado pelo guia-mateiro, no momento exato em que abria os braços para afastar a folhagem da sua frente. Em seguida, o corpo foi arrastado pela mata e içado de cabeça para baixo por uma corda presa a um helicóptero.
Dizem alguns que, para ter certeza de que "o morto estaria realmente morto", ao chegar a grande altura, teriam soltado e arremessado o corpo de Osvaldão ao solo, sendo em seguida apanhado, amarrado novamente à aeronave e levado para ser exibido aos camponeses como um troféu.
Referências bibliográficas
PESSOA, Romualdo Campo Filho, Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas Editora UFG, 1997
PORTELA, Fernando. Guerra de Guerrilhas no Brasil. São Paulo: Global Editora, 1979
De Belém,
Moisés Alves