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Às vésperas de reunião com Piñera, jovens mantêm protestos

O governo Sebastián Piñera e os estudantes chilenos se preparam para uma reunião crucial, neste sábado (03), no palácio de La Moneda, em meio a um clima tenso e de desconfiança. Trata-se de uma tentativa do presidnete de neutralizar meses de protestos que pedem uma educação gratuita e de qualidade. O encontro está sendo precedido por novas manifestações.

Nesta quinta, mais de cem casais de estudantes se beijaram simultaneamente em uma praça central de Santiago, num protesto pacífico que integrou o movimento que cobra do governo um sistema educacional igualitário e de qualidade no Chile.

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Os estudantes se reuniram em frente à catedral existente na praça e se beijaram enquanto um jovem incentivava o beijaço com palavras de ordem. Pessoas que passavam pelo local aplaudiram a iniciativa.

O beijaço foi convocado pelo twitter pela líder estudantil Camila Vallejo, como forma pacífica de protestar em oposição à repressão das forças do governo. Na semana passada, um adolescente foi morto pela polícia durante manifestação.

Reunião

O próprio anúncio da reunião com Piñera motivou uma nova marcha nesa sexta (02), já que muitos líderes estudantis foram excluídos das conversações. O presidente – que participará ao lado de seu ministro da Educação, Felipe Bulnes – convidou para o encontro apenas os líderes dos estudantes universitários e do Colégio de Professores. Representantes dos estudantes do ensino médio, que têm sido parte ativa nos protestos que começaram em maio, ficaram de fora.

A marcha aconteceu sob forte repressão policial. Os estudantes foram dispersados com efetivos montados, jatos de água e gás lacrimogêneo.

A reunião com Piñera é a primeira aproximação direta entre governo e estudantes, após três meses de massivos protestos que reduziram a popularidade do mandatário a um mínimo de 26%. Mas o clima é de desconfiança e poucos veem com otimismoo diálogo que, segundo Piñera, se dará "em um clima de paz e não de guerra".

O porta-voz dos estudantes secundários Alfredo Vielma disse que todos os atores do movimento estudantil que exigem o fim da mercantilização do ensino devem participar da reunião com o presidente. Segundo ele, o encontro deste sábado é uma manobra do Executivo destinada a dividir os estudantes chilenos para debilitar a mobilização social.

"Não acreditamos que a educação gratuita para todos seja nem conveniente nem justa", já adiantou o chefe de estado, nesta quinta, mostrando que a lógica de seu governo vai em direção oposta às reivindicações.

Porsua vez, o também porta-voz estudantil Freddy Fuentes criticou a possibilidade de que se proponha aos jovens criar uma comissão técnica para redefinir políticas de financiamento e canalizar a solução do conflito.

"Estamos falando da mesma espécie de comissão que surgiu em 2006", disse Fuentes, em alusão ao período da chamada Revolução dos Pingüins. "Não vamos cair na mesma história; levamos mais de três meses mobilizados e se aprende com os erros", disse.

Com agências