PCdoB participa da festa de 90 anos do PC da Espanha

Mantendo a tradição dos partidos comunistas europeus, a festa do PCE chega à sua 34ᵃ edição, como uma grande demonstração político cultural na qual reúne milhares de militantes e simpatizantes das distintas regiões do país.

Realizada no parque que recebe o nome de Dolores Ibarruri, a conhecida La Pasionária, histórica dirigente do PCE e lutadora anti-franquista, a festa contou com uma ampla programação cultural e política, da qual participaram em seus três dias cerca de 15 mil pessoas.

De acordo com Maite Mola, secretária de relações internacionais do PCE, a festa é o momento no qual o PCE apresenta à sociedade suas propostas, este ano em particular, suas posições sobre a crise e suas propostas para as eleições.

A festa foi marcada pelas propostas do PCE para a saída da crise e suas opiniões sobre o processo eleitoral do próximo de novembro. A comemoração é o principal ato político anual do PCE e se consolida como o momento no qual o partido aparece com feição própria, já que nos demais períodos suas opiniões são expressadas através de Esquerda Unida, sua coalizão eleitoral.

A festa realizou ainda uma emocionante homenagem aos lutadores anti-franquistas e aos inúmeros militantes que auxiliaram na construção do Partido Comunista de Espanha.

De acordo com o representante do PCdoB, “a Festa do PCE reafirma a importância dos comunistas na vida política da Espanha, sua história, seu legado — que tornam-se hoje uma necessidade para enfrentar este momento tão peculiar.”

Contexto político espanhol

A Espanha vive uma das mais graves crises de sua história recente. Com índices de desemprego de 20% — o maior da União Europeia — que atinge até 40% da população jovem, o governo espanhol tem aplicado um conjunto de medidas de ajuste, cortando benefícios sociais e estímulos à economia. A medida mais recente, amplamente denunciada na festa é a reforma constitucional que estabelece como limite máximo 4% de déficit fiscal em comparação ao PIB.

Em seu discurso no ato central da festa, o secretário Geral do PCE, José Luis Centella, afirmou que o governo de Zapatero busca com esta medida transformar a Constituição espanhola em neoliberal. Para o líder dos comunistas espanhóis é necessário a realização de um referendo popular para aprovar, ou não, tal mudança. Os povos da Espanha devem opinar sobre este debate.

Ainda de acordo com Centella, as eleições do próximo dia 20 de novembro são um indicador positivo para a frente política da qual participa o PCE, a Esquerda Unida. Atualmente a frente possui um único deputado nacional. As expectativas são de que Esquerda Unida chegue a 7% dos votos, podendo eleger de 6 a 12 deputados nacionais.

Ao fazer uso da palavra, o candidato a presidente por Esquerda Unida, Cayo Lara, afirmou que a “América Latina está marcando à rota, é de lá que vêm os ares frescos que podem ajudar as forças progressistas da Europa a construir uma estratégia de transformação social”.

Conhecer a experiência da festa

Entre os objetivos da participação dos comunistas brasileiros, estava o de conhecer os aspectos organizativos da tradicional festa do PCE.

O diretor da festa, Andrés Díez, com quem o representante do PCdoB se reuniu, reafirmou o convite feito pelo secretário geral do PCE para que no próximo ano o partido brasileiro tenha um estante na festa dos comunistas da Espanha. Segundo Díez, será uma oportunidade para aprofundar o intercambio político e cultural com o Brasil.

Força para as mudanças

Em seu discurso, Rubens Diniz ressaltou que a história do PCE está profundamente entrelaçada com os grandes momentos de luta dos povos da Espanha, ressaltando que os comunistas são uma força essencial para as mudanças no país e no mundo.

Diniz fez referência ao momento político pelo qual passa a América latina, que após longos anos de hegemonia neoliberal, constrói uma nova realidade política — aprofundando o desenvolvimento econômico e a justiça social. “O Brasil, tendo à frente a presidente Dilma Rousseff, é parte deste processo. No atual momento damos passos na direção de aprofundar as mudanças iniciadas pelo presidente Lula, fazendo de nosso país uma pátria mais justa, desenvolvida, solidária e independente”.

Concluindo sua participação, Rubens Diniz, realizou o convite para que os comunistas da Espanha participem das comemorações dos 90 anos do PCdoB, que serão realizadas em 2012.

Da redação,
com informações da Secretaria de Relações Internacionais