Festival do Cão reivindica espaço para estudantes na USP
Para celebrar a liberdade e a produção cultural e reivindicar espaço para os estudantes, centenas de jovens se reuniram na noite de quinta (8), primeiro dia do Festival do Cão, no Canil da Universidade de São Paulo (USP). O evento vai até o sábado (10) e é organizado por coletivos independentes que também promoveram o Festival Existe Amor em SP, que atraiu cerca de 20 mil pessoas. Entre eles, está o Tanq Rosa Choq, que deu origem a cor sugerida que tingiu a praça Roosevelt.
Publicado 09/11/2012 17:36
divulgação Festival do Cão
Outros coletivos, formados por estudantes da USP, também ajudaram a construir o festival como o Canil, a Matilha Cultural, Vodoohop , Gente que Transa, além de centros acadêmicos e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp).
Segundo organizadores o evento atraiu durante toda a noite e madrugada cerca de duas mil pessoas, que estavam lá para conferir as atrações musicais. Aproximandamente 30 bandas se apresentam durante os três dias do festival – a programação se estende até sábado (10).
Mas, quem também esteve presente se solidariza ou está diretamente envolvido com as mudanças que estão acontecendo dentro do campus, desde que a Polícia Militar passou a fazer o patrulhamento do local. Agora, a reitoria está realizando mudanças na estrutura física da Cidade Universitária.
"Se nos negam as RUAS e nos tiram as PRAÇAS, latimos à LIBERDADE e respondemos com nossa produção independente", diz um trecho do manfesto descrito no Facebook onde também é possível conferir a programação na íntegra.
"O festival celebra os 6 anos, 6 meses e 6 dias da existência do espaço de manifestações estudantis, “Canil” e os 10 anos de Quinta e Breja, um evento que acontece toda semana na ECA. Além disso, chama a atenção para o que está acontecendo dentro da USP. A reitoria quer transferir a ECA [Escola de Comunicação e Arte] e seu espaço conhecido como Prainha e os estudantes não aceitam isso. São R$ 4 bilhões do orçamento do estado gastos por ano sem que a gente saiba exatamento com o quê e para quê", declarou um dos organizadores que se apresenta como Paulinho Fluxus.
De acordo com o projeto, desenvolvido pela Superintendência de Espaços Físicos (SEF) da USP, o novo prédio deverá ter seis andares e, de acordo com universitários, impóe uma limitação ao horário de funcionamento do centro acadêmico, que teria uma sala no 5º andar do edifício. Também a planta do novo edifício não contemplaria espaços para as entidades ECA Jr., Jornalismo Júnior, Com Arte Jr. e os projetos de extensão Redigir e Rosa dos Ventos, além de laboratórios. O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), que hoje fica na ECA, também não está contemplado no projeto, e a reitoria ainda não apresentou outro local.
Entre os problemas, os estudantes destacam justamente a falta de áreas abertas e autonômas de vivência, como o espaço da Prainha.
A Reitoria foi procurada mas não retornou até o fechamento.
Atrações
Bandas, coletivos de arte, grupos de dança e teatro, DJ’s e VJ’s ocupam o espaço em prol de um campus cada vez mais próximo da comunidade. Entre as atrações desta sexta estão Patife Band (grupo dos anos 1980 que volta aos palcos neste ano) e Rafael Castro & Os Monumentais. Os horários de cada atividade poderão sofrer alterações. Também há um Tumblr oficial do evento.
Os portões da USP estarão abertos nos horários das apresentações, que começam às 20h e se estendem até às 4h dos dias seguinte.
Estão ocorrendo atrações no Canil no palco e nas pistas e toda a praça está aberta a intervenções artísticas. "A nossa réplica não tem a truculência dos que oprimem. Ao contrário, explodimos o Rosa Choq na cidade, imprimimos ao espaço a nossa (re-)existência.
Ação Rosa "CHOQ" para a tropa de Choque
Foto: Tanq Rosa Choq
O canil da USP que foi criado para abrigar a grande quantidade de animais no campus foi fechado em 2004. Dois anos depois, os estudantes passaram a ocupar o espaço criando uma autogestão. foi quando começaram a surgir os coletivos Canil e, depois, o Tanq Rosa Choq.
"O Tanq Rosa Choq é um dispositivo estético, uma criatura perfompatica, que também faz parte do Canil. Surgiu para contrapor a presença da tropa de choque da polícia militar dentro da USP. Foi nos protestos do dia 3 de junho de 2009, que houve a primeira aparição do tanque, no dia da greve dos professores, primeiro confronto entre PMs e estudantes. De lá pra cá a gente tem participado sempre das mobilizações", explica Paulinho Fluxus. O objetivo é combater o autoritarismo da atual política do estado de militarização da universidade.
Deborah Moreira
Da redação do Vermelho