Famílias resistem em prédio ocupado por movimento de moradia
A TV Vermelho acompanhou o Movimento de Moradia, ligado à Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam), na ocupação de um prédio abandonado na região central de São Paulo na madrugada de 15 de novembro. Vinte dias depois, voltamos para o número 355 da Rua Sete de Abril.
Publicado 06/12/2012 14:21
Por Deborah Moreira
O Portal Vermelho acompanhou todos os preparativos para a ocupação, algumas horas antes. A concentração começou por volta das 10 horas da noite da quarta-feira, no número 176 da mesma rua, onde os dois movimentos ocupam desde dia 26 de outubro.
Pouco a pouco as pessoas iam chegando e se organizando. Nas sacolas e mochilas, algumas roupas e pertences. Na mente, o sonho de conquistar a casa própria e deixar para trás uma vida construída com sacrifício. Nos rostos, a incerteza do que está por vir.
O casal Patrícia dos Santos Souza e Jeferson dos Santos participam de uma ocupação pela primeira vez. Há três anos estão pagando o aluguel de R$ 500 mensais com atraso, e há um ano receberam uma ordem de despejo.
Bartíria Lima da Costa, presidenta da Conam, esteve na concentração das famílias para apoiar a ação.
Do pé de cabra à barricada final, feita depois de aberta a porta, toda a ação para entrar no prédio durou cerca de 12 minutos. O tempo foi suficiente para arrombar uma enorme porta, colocar para fora os vigilantes que estavam na portaria para não configurar cárcere privado, buscar móveis pesados para fazer a barricada e estender as bandeiras dos movimentos nas janelas.
Nilda Neves, coordenadora geral do MDM, foi uma das que estiveram por trás do planejamento da ação e da ocupação em si. Instantes após a ocupação, Nilda falou ao Vermelho com exclusividade sobre a sensação de incerteza.
Em meio aos preparativos, a descoberta de que outro movimento social de moradia também estava realizando ocupações naquele mesmo momento.
Vinte dias depois, a ocupação do Movimento de Moradia permanece firme e forte. As famílias já foram divididas por andares e salas. Agora, elas aguardam a decisão da Justiça sobre seu futuro.
O proprietário pediu a reintegração de posse. O movimento promete resistir no local e deve entrar, inclusive, com recurso na Justiça. Para eles, a finalidade é a moradia digna. Neste prédio ou em um novo local a ser ocupado. "Resistir e ocupar", como diz o lema do movimento de moradia.