O Impeachment mixou!
Por isso tudo, o golpômetro desaba ao patamar de míseros 1,5 ponto. Assim, podemos cravar que o impeachment mixou e a “Dilminha” já pode encomendar tranquilamente a ceia de Natal e a champagne para o Réveillon!
Por Miranda Muniz*
Publicado 19/11/2015 12:44 | Editado 04/03/2020 16:48

15 de novembro – Dia da Proclamação da República, data em que os “impitimeiros” convocaram aquele que seria Grande “Coxinha Day”, capaz de tomar de assalto a Esplanada dos Ministérios e provocar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, também ficará marcado com um dos fiascos mais retumbantes da história política do nosso país. A imprensa hegemônica, sempre generosa ao calcular os participantes dos atos golpistas, falou em 2 mil participantes ou melhor, “testemunhas” no referido cortejo.
Figuras bizarras como o decadente Lobão, o reacionário Bolsonaro, o “ruralista” Caiado e outras “perolas” da “Oposição”, que sempre divulgavam selfies nas manifestações golpistas ocorridas anteriormente, não deram o ar da graça.
Reportagem exibida pela Globonews, em tom de decepção e melancolia, mostrou que os manifestantes não foram suficientes nem mesmo para erguer uma grande faixa com os dizeres “IMPEACHMENT JÁ”, que teve que ficar estendida no gramado em frente ao Congresso Nacional.
Entretanto, para o observador mais perspicaz, era possível prever o final dessa ópera bufa.
Em junho, as poderosas Fiesp e Firjan e representantes de bancos nacionais, vendo seus lucros diminuírem com o “turbinamento artificial” da crise, deram um chegapralá nos golpistas e exigiram respeito às regras democráticas.
Talvez para garantir seus patrocinadores, os expoentes da mídia hegemônica (Organizações Globo, Família Frias, etc.) passaram a falar de “responsabilidade com o Brasil” e isolar o setor mais recalcitrante do golpismo, sob a liderança do candidato derrotado Aécio Neves.
Por outro lado, o ex-presidente Lula “entra em campo” e, juntamente com a presidenta Dilma, entabula uma recomposição com o PMDB, sempre ávido por mais espaços políticos e de poder.
No início de outubro, com a decisão do TCU de sugerir ao Congresso Nacional a reprovação das contas do Executivo do ano de 2014, o Golpômetro vai ao seu patamar mais elevado, em torno de 8 pontos. A “Oposição” fica assanhada e serelepe e, num jogo combinado com o presidente da Câmara Eduardo Cunha, tratou de pavimentar o caminho do impeachment ao suscitar um questionamento sobre a tramitação e o quórum para o início de seu processo, prontamente respondido por Cunha e que apontava um caminho mais fácil.
Deputados do PCdoB e do PT recorreram ao STF e esse, em decisões liminares, restabeleceu o rito complexo da “Lei do Impeachment” e seu quórum qualificado de 3/5, colocando fim ao estado de êxtase dos golpistas. Com isso, o Golpômetro recuou uns dois dígitos.
Ademais, a “recomposição” com o PMDB começou a surtir efeito e o governo passou a acumular vitórias nas votações da Câmara, do Senado e do Congresso, em especial, na apreciação dos vetos.
Mas como desgraça pouca é bobagem, Eduardo Cunha, até então fiel escudeiro dos “impitimeiros” caiu em desgraça com a revelação de contas na Suíça, sua e de seus familiares, recheadas com milhões em propinas. O Golpômetro cai mais uns 2 pontos!
Entretanto, ainda restava esperança que a presidenta pudesse estar fora do Poder no Natal ou no Réveillon, em função da “pressão popular” do (malfadado) Ato do dia 15 de novembro.
Para “anunciar a Nova República”, a ultrarreacionária revista Veja estampou na semana anterior uma capa com uma foto impecável do vice Michel Temer sob um título em letras garrafais “O Plano Temer”!
Efeito praticamente nulo! Perspicaz, experiente e reconhecendo o fracasso dos “impitimeiros”, Temer, mesmo recebido no Congresso do PMDB sob o coro “Brasil pra frente, Temer presidente”, preferiu jogar um balde de gelo na “fervura” e, ao ser indagado sobre a saída do PMDB do Governo respondeu: “Não sai, não sai, não sai… A presidenta Dilma tem feito o possível e o impossível para unir o Brasil… 2018 será discutido somente em 2018”.
Para completar a semana, mais duas declarações sintomáticas: a primeira de que Eduardo Cunha teria confidenciado a integrantes do PMDB que o impeachment havia perdido força por falta de pressão popular e, portanto, que não iria apreciar nenhum pedido de impeachment neste ano; a segunda, do presidente do STF, Ricardo Lewandowvisk afirmando que encurtar o mandato da Presidenta seria um “golpe institucional”!
Sem falar o papel decisivo que os movimentos sociais e populares (Frente Brasil Popular, Frente Brasil sem Medo, Congresso da Ubes, Marcha das Mulheres Negras, etc.) que jogaram nesse período papel decisivo, entoando a palavra de ordem “Não vai ter golpe!” e exigindo uma nova política econômica.
Por isso tudo, o golpômetro desaba ao patamar de míseros 1,5 ponto. Assim, podemos cravar que o impeachment mixou e a “Dilminha” já pode encomendar tranquilamente a ceia de Natal e a champagne para o Réveillon!
*Miranda Muniz é agrônomo, bacharel em direito, especialista em direito público, oficial de justiça-avaliador federal, dirigente da CTB/MT e presidente do PCdoB/Cuiabá