Governo Dilma precisa avançar na valorização do trabalho e renda

No Brasil, a luta pela valorização do salário mínimo é uma etapa do antigo confronto entre os escandalosos benefícios para […]

No Brasil, a luta pela valorização do salário mínimo é uma etapa do antigo confronto entre os escandalosos benefícios para o capital financeiro e a melhoria da situação de vida e de renda dos trabalhadores. É uma luta em torno da apropriação da renda gerada pelo trabalho e, neste começo de governo da presidente Dilma Rousseff, os rentistas que se beneficiam dos juros pagos pelo governo estão mandando no jogo e perto de marcar um gol.

Os conservadores dizem que há uma ameaça de inflação e que, por isso, o governo precisa cortar gastos e aumentar os juros. É a mesma velha e falida receita conservadora que rendeu 4,8 trilhões de reais em juros para os especuladores nos últimos trinta anos.

Durante a maior parte desse tempo sobrou para os trabalhadores o desemprego e o empobrecimento, com diminuição dos salários, precarização do trabalho e desorganização sindical.

Com Lula, esse quadro começou a mudar. Foi preciso muita luta até que os sindicatos chegassem a um acordo com o governo para a valorização do mínimo. O acordo consistia no estabelecimento de um índice de correção formado pela inflação acrescida do crescimento do PIB de dois anos antes.

Mas uma pedra se insinuou no caminho: a crise econômica exportada pelos Estados Unidos, que não poupou ninguém. Em 2009, o PIB do Brasil não cresceu. Recuou 0,6%, segundo o IBGE. Já que o aumento real do mínimo está ancorado à evolução do PIB de dois anos atrás, o governo alega que em 2011 o mínimo deve ser reajustado apenas pelo INPC que, neste momento, segundo os sindicalistas, não repõe a perda de poder aquisitivo do salário mínimo, dado o peso dos alimentos na atual inflação e na cesta de consumo dos trabalhadores, especialmente os de baixa renda.

Além disso, em outubro de 2010, Lula e Dilma Rousseff prometeram às lideranças sindicais que não se levaria em conta o recuo do PIB em 2009 para o cálculo da correção do salário mínimo de 2011, de forma a garantir o aumento real. Mas eis que na hora da onça beber água, o governo voltou atrás. O valor de R$ 545 oferecido gelo governo é o mínimo do mínimo.

Diante desta opção, cabe um questionamento: para onde vai o governo Dilma Rousseff? Ela vai avançar, como prometeu? Para avançar, a valorização do trabalho e da renda precisa continuar e o governo, na hora de acertar suas contas, precisa pensar principalmente em cortar juros, que são improdutivos e atravancam o desenvolvimento. E favorecer os setores produtivos e os trabalhadores que, com mais renda, gastam mais e estimulam o crescimento da economia. E o governo tem onde cortar: o gasto com os juros consome 150 bilhões de reais todo ano.

Reduzir os juros significa diminuir esse gasto, aumentando a capacidade de investimento público e redistribuindo aos que trabalham a renda que hoje engorda os especuladores. Este é o caminho do avanço.