Bush, etanol e arrogância
A visita de Bush ao Brasil foi precedida pela divulgação de um relatório sobre direitos humanos contendo críticas a praticamente todos os países, exceto a eles próprios, embora sejam o país que mais agride direitos humanos mundo afora.
Publicado 21/03/2007 17:26
As evidências estão nas centenas de prisioneiros ilegais nos cárceres de Guantánamo e Abu Ghraib, na incursão de aviões americanos acintosamente espionando países soberanos e na constatação de que os Estados Unidos mantêm diversos centros clandestinos de tortura. Por isso, o relatório foi visto como uma peça de tamanho cinismo que nem mesmo os mais ardorosos “americanóides” puderam evitar o deboche e a ironia.
Só então, após esta explícita demonstração de cinismo e arrogância, é que o “senhor da guerra” aportou em São Paulo provocando um verdadeiro caos no trânsito, no tráfego aéreo e na vida das pessoas.
Para consumo externo Bush veio tratar de etanol, área na qual o Brasil divide a liderança mundial com os americanos. Os EUA consomem 21 bilhões de litros. Necessitam de mais 35 bilhões do produto para suprir o corte de 20% no consumo de óleo diesel que Bush pretende fazer para minimizar as críticas que sofre por não ter assinado o protocolo de Kyoto.
A motivação real de sua visita, porém, é de natureza geopolítica. Visa conter o avanço da esquerda na América Latina e isolar o presidente venezuelano Hugo Chaves, principal protagonista deste surto progressista.
Atolados em problemas no Afeganistão e no Iraque os americanos acabaram descuidando da América Latina, região que desde a época da “doutrina Monroe” eles tratam como seu “quintal”. No auge da guerra fria a região foi controlada através de ditaduras sangrentas. Com o advento do neoliberalismo esse controle foi exercido por intermédio de presidentes dóceis, que aplicavam mecanicamente o “receituário de Washington”.
Com o fracasso do neoliberalismo Bush ensaia uma nova estratégia de dominação.