Che 1ª parte – O Argentino

Lições de Sierra Maestra


Com base em livro de Che Guevara, o diretor estadunidense Steven Soderbergh traça o perfil deste revolucionário e pensador emblemático do século 20 em filme que faz emergir suas várias contribuições à Revolução Cubana

Uma associação de imagens emerge durante as primeiras cenas de “Che – O Argentino”, do diretor estadunidense Steven Soderbergh: de manifestantes correndo das bombas da polícia numa rua brasileira, de rostos sofridos de congolenses diante do cadáver de Patrice Lumumba (1925/1961), de guerrilheiros vietnamitas combatendo soldados estadunidenses na selva, até a efusiva recepção do povo cubano a Fidel e Che, quando eles e outros revolucionários entram em Havana. Mas também a de inúmeros filmes sobre a resistência terceiromundista que, desde os anos 50, integram o imaginário dos espectadores mundo afora. A maioria deles, principalmente os que tratavam dos conflitos latinoamericanos, estava eivada de um ranço idealista, sonhador e esquemático, que nada acrescentava ao já sabido, apenas reforçavam estereótipos. Salvo pelas raras produções que conseguiram escapar a estas armadilhas; como os clássicos, “Viva Zapata”, de Elia Kazan, “Antonieta”, de Carlos Saura, “México Insurgente”, de Paul Leduc, “Queimada”, de Gillo Pontecorvo, e, não poderia ser deixado de lado, pela inestimável contribuição não só cinematográfica como político-ideológica, “A Batalha de Argel”, também do italiano Pontecorvo.


 


 


Não bastasse isto, as imagens de Che como ícone pop, que a maioria dos jovens se acostumou a ver estampadas em camisetas, posters e bottons ou, simplesmente, em dezenas de poses gravadas em fotos, tornam o filme uma espécie de “visita a um amigo que se foi”. E que ainda convive conosco, devido a esta sistemática matização de um mito revolucionário transformado em star. É justamente desta armadilha que Soderbergh consegue escapar, por dotá-lo das virtudes e fraquezas dos seres humanos, vivendo em situações-limite. Desde o início quando, ele, Che surge na casa de um simpatizante na Cidade do México, em manga de camisa, o vemos como alguém dotado de visão e coragem, capaz de refletir sobre os limites de uma luta hercúlea não só contra o ditador Fulgêncio Batista (1901/1973), como também contra os EUA, do Governo Eisenhower, em plena Guerra Fria.


 


 


Conversas com Fidel ditam rumos da revolução


 


 


No entanto, durante a estruturação da guerrilha e os primeiros confrontos com as tropas de Batista, teve instantes de relaxamento que fizeram Fidel rebaixá-lo, por não ter tomado as devidas precauções para defender uma das principais frentes de combate na Sierra Maestra. Ilustra bem estas facetas de Che, sua conversa com Fidel, na sacada da casa que os hospedava na Cidade do México. Ali, em julho de 1955, através de um curto diálogo, que dá a dimensão da empreitada que iriam executar nos próximos quatro anos, até a vitória final, em Havana, em primeiro de janeiro de 1959. Depois de Fidel lhe dizer que não tinha nem barco, nem dinheiro e que conseguira arregimentar apenas 30 militantes, ele sela o encontro com apenas uma frase:


 


 


Fidel: Acha que estou louco?


Che: Um pouco.                   


Fidel: Está bem, um pouco de loucura é bom.


 


 


Porém, não se furtou de estar no barco que, em 26 de novembro de 1956, partiu da Cidade do México com 82 homens. Destes só 12 sobreviveram até a entrada triunfal em Havana. Mas Che, como Fidel, Raul, Camilo Cienfuegos, Vilma Spin, Célia Sanchez e Aleida March, aprendeu ao longo da luta como se estrutura uma revolução em condições totalmente adversas. Ele, Che, viveu momentos em que se sentiu excluído por ser argentino e Fidel retrucava que era mais cubano do que muitos dos guerrilheiros. Mas, aos poucos, foi se integrando, devido não só à sua capacidade de organização, de elaboração de táticas e de participação dos combates, principalmente por aliá-las ao exercício da medicina. Entretanto, não se limitava a estas virtudes, mesclava suas leituras marxistas à pedagogia: alfabetizava camponeses que iam aderindo ao exército revolucionário pelos lugares que passava. Facetas que, sem dúvida, reforçam a condição de mito do jovem médico que, na histórica conversa com Fidel, na sacada do sobrado na Cidade do México, já defendia a idéia de levar a revolução a outros países do continente americano e não só a este, também chegaria à África.


 


         


Duro nas decisões, porém maleável nas ações


 


 


Assim é que, em “Che”, o filme, Soderbergh traça logo nos primeiros 20 minutos o perfil deste revolucionário emblemático do século 20. Vemos Batista rodeado de soldados, de empresários e em cassinos, como se Cuba vivesse seu esplendor. Um brevíssimo documentário sobre os precedentes desta revolução que é, ainda hoje, um dos símbolos da resistência dos povos do Terceiro Mundo, para usar o termo corrente na época. E, em seguida, Soderbergh passa a mesclar cenas da intervenção de Che no plenário da ONU, numa recepção a empresários, jornalistas, políticos e empresários e numa entrevista à televisão estadunidense em que fala sobre a formação a Revolução Cubana. E lança mão do off de forma criativa, pois o filme, baseado na obra de Che, “Passagens da Guerra Revolucionária”, acaba por se tornar mais que uma cinebiografia. É um registro histórico do ponto de vista de um de seus líderes mais proeminentes.


 


 


Esta forma narrativa, em vários tempos, com a passagem pela ONU, representando uma espécie de presente, torna o filme mais vívido, com o uso do preto-e-branco na medida certa, ainda que várias obras já o tenham feito. Serve para expor idéias, rebater acusações, clarear posições. Numa das sequências, Che contesta as acusações de execuções de inimigos, sem fugir à natureza da revolução. É forte, mas condizente com o momento histórico, e o clima, sem dúvida, se eleva. E nos revela outra faceta de Che: o polemista. A maneira como Benício Del Toro, principal produtor do filme, se posiciona e entona cada palavra reforça-lhe o perfil. Em duas seqüências na selva, ele tem o mesmo comportamento duro, de quem estava em pleno controle da situação: na que pede aos guerrilheiros que se decidam ou não pela luta e na que pune os desertores que haviam saqueado e estuprado camponeses, usando o nome de combatente do Movimento 26 de Julho. Mas é também humano e maleável, diante dos dois irmãos que, mesmo sendo menores, insistem em integrar o Movimento: deixa-os sob a condição de estudarem.


 


 


Fidel surge em situações que exigem equilíbrio


 


 


Estes pequenos incidentes ou pequenos fatos dimensionam o homem e o líder guerrilheiro “Che”, sem dourar sua figura ou apequenar sua estrela. Soderbergh não o mostra como superhomem, aquele capaz de vencer todas as batalhas. Há instantes em que ele e Fidel se confrontam. Principalmente na etapa de transformação Movimento 26 de Julho, depois de reforçado por inúmeros camponeses, numa frente política, integrada por outros partidos de oposição ao Governo Batista. Che resiste, diz que depois da conquista do poder teriam de combatê-los e Fidel não se retrai. Reúne-se com todas as forças, inclusive com o então afastado Partido Comunista Cubano. Trata-se, enfim, do instante em que a guerrilha deveria ceder às nuances da luta, às imposições do momento histórico e à correlação de forças para alcançar a vitória. E isto ia para além da visão do bastar a si próprio, defendida por ele, Che. E também atesta a liderança de Fidel, comandante inconteste, que emerge sempre em situações-limite, em espaços de segurança, desenvolto, seguro do rumo que o movimento deveria tomar, ampliando suas bases, cercando cidades e avançando em direção à Havana.


 


 


O ator mexicano Demían Bichir faz dele o líder à altura de Che, usando corpo, gestos e uma sagacidade à toda prova. Não um personagem secundário, servindo de escada para a estrela. Nas sequências em que aparece se impõe com autoridade, numa voz pausada e clara, característica que tem marcado o líder cubano ao longo de mais de meio século na cena política internacional. Dá idéia também do desafio enfrentado pelo roteirista Peter Buchman e pelo diretor Steven Soderbergh ao tratar de fatos históricos e mitos de tal complexidade. Qualquer deslize e ambos descambariam para a caricatura, o estereótipo e a banalização de uma das revoluções populares e lideranças políticas mais analisadas e retratadas do século 20. Conseguem descer aos detalhes aqui analisados e ainda se fixar nos combates e nas visões político-ideológicas do cinebiografado. Em determinado instante, o espectador está no meio de uma batalha e Che sofre um ataque de asma. Um dos guerrilheiros vem socorrê-lo, ele não foge da ajuda e tampouco da luta – uma lição e tanto.


 


 


Filme dos anos 60 não está à altura


 


 


Desta maneira, “Che – 1ª parte – O Argentino” faz da luta dos povos oprimidos algo digno de se lembrar. E usa, para isto, um de seus mitos mais emblemáticos. Mas, além de evocar imagens das revoluções e mitos dos países em desenvolvimento, trás à tona imagens de filmes que, ao invés de retratá-la em sua exata dimensão, transformou seus líderes em caricatura. Hoje é pouco lembrada a primeira obra a tratar de Ernesto Guevara de la Serna (1928/1967) no cinema. “Che”, dirigida pelo estadunidense Richard Fleischer (“Estranha Compulsão”, “O Homem Que Odiava as Mulheres”), em 1968, tendo Omar Sharif, como Guevara, e Jack Palance, como Fidel, foi lançada em meio ao processo de conflitos civis, do movimento contra a Guerra do Vietnã e da Ditadura Militar no Brasil. Há no filme desencontradas intenções; de um lado tenta passar a visão de que Fidel Castro é personagem menor, ainda que bonachão, e de outro congela Guevara como alguém obcecado por ideias revolucionárias. A este é atribuída a culpa por inúmeras decisões erradas, durante a guerrilha e sua passagem pelo governo cubano.


 


 


Em seu livro, “Cinema & Política” (1), os suecos Leif Furhammar e Folke Isaksson mostram como os roteiristas Michael Wilson e Sy Bartlett, com a contribuição de Fleischer manipulam as contribuições de Che e de Fidel. ”Inicialmente o filme parece se esforçar por uma abordagem despreconceituosa do caráter de Guevara e de seu papel histórico (…). Tal abordagem pode parecer corajosa, generosa, ou mesmo uma busca direta da verdade. Mas logo essa pseudo-solidariedade é utilizada sutilmente, é possível que inconscientemente, com propósitos de persuasão. O filme mostra Guevara se isolando cada vez mais de seus camaradas revolucionários (…). É razoável imaginar que quando aparecem as divisões no filme, também se parte a sensação de solidariedade, fazendo com que o Che perca a simpatia da platéia”.


 


 


Fleischer torna Fidel um líder menor


 


 


“Fidel Castro (Jack Palance) é consistentemente esboçado como uma personagem menos significativa que o Che. Pode ser mais calmo e mais circunspecto, mas o Che é gênio com brilhante estratégia, eloqüência e visão. A Fidel falta a ambição pela revolução mundial e o ódio de Che pela América (…). A redução de Fidel Castro a uma mediocridade jovial é por si só um feito de realização cinematográfica política. Mas ele continua parecendo um sujeito decente, sem ter realmente culpa por nenhuma ação fundamental nem se encaixar numa imagem de bicho-papão (…)”2. Vê-se que a leitura do papel de Che na Revolução Cubana comporta diferentes visões: uma manipuladora produzida a partir de Hollywood, no calor dos conflitos da Guerra Fria e das lutas contra o imperialismo estadunidense, outra feita na primeira década do Século 21, quando o Império está em franca decadência. Daí, a abordagem de Soderbergh, se não perfeita, pelo menos aproximada daquilo que o espectador deveria assistir, sem manipulações gritantes.


 


Longe, claro, da visão dialética de Gillo Pontecorvo, em “Queimada”, ao detalhar o processo de construção de uma liderança negra de um país antilhano, durante o colonialismo português, por um agente inglês; interessado em atraí-la para a Coroa Britânica. As implicações político-ideológicas ficam nítidas. Há um inimigo declarado e é contra ele que a luta é travada. Indícios apontados nos “Diários de Motocicleta”, de Walter Salles, sobre o rito de passagem de Guevara, em sua viagem pela América Latina, em 1952, com o amigo Alberto Granado. Nesta, as primeiras imagens do Guevara aventureiro, que ainda não era Che, vão dando lugar à do jovem preocupado com a situação em que vive o povo latinoamericano. E, no final, é outro homem, mais dedicado ao próximo que a si mesmo. E as implicações sócio-políticas aparecem indiretamente, sem discussões sobre a natureza daquela miséria inclemente. Porém, demonstram, de qualquer forma, que alguma coisa deveria de ser feita para mudá-la.


 


 


Soderbergh, em “Che – O Argentino”, embora navegue num oceano onde as questões estão abertas; dada à base em que firma sua obra, não a centra numa discussão onde os culpados pela situação do povo cubano são diretamente apontados. Não há claramente, no filme, uma implicação direta dos EUA, salvo por uma intervenção de Fidel, que veremos abaixo. Soderbergh e seu roteirista Buchman centram o combate do movimento, liderado por Fidel, no governo de Batista. Em determinado momento, o espectador pode ter a visão de que se tratava apenas de uma luta política, não ideológica. Isto para uma revolução cuja carga político-ideológica marcaria os últimos 50 anos, poderia ser um deslize. Notadamente, porque, como já observado, Soderbergh intercala cenas da guerrilha na Sierra Maestra, com as de Guevara na ONU,  demarcando espaço para a intervenção político-ideológica.


 


 


Em tela gigantesca, cujos mínimos detalhes podem ser aferidos e sentidos, “Che” impressiona. Soderbergh domina os recursos narrativos e a estética hollywoodiana do superespetáculo. Em sua carreira, a partir do experimental “Sexo, Mentiras e Videotaipe”, passando por “Kafka”, até chegar a “Traffic” e a série “Onze Homens e um Segredo”, ele vem alternando filmes reflexivos com os de puro entretenimento. “Che” é pontilhado por cenas de ação grandiosas, como as da conquista da cidade de Las Villas. Lembram, em  determinadas seqüências, as tomadas gerais de David Lean (“Dr. Jivago”, “Lawrence da Arábia”, “Passagem para a Índia”), atentas aos detalhes e, ao mesmo tempo, ao local onde se dá a ação de forma ampla. De quando em quando, personagens secundários assumem a linha de frente, em planos aproximados. As mulheres, Vilma Spin e Célia Sanchez, protagonistas da Revolução Cubana, aparecem em algumas cenas, havendo mais espaço para Aleida March (Catalina Sandino Moreno), que, por insistência, acaba na linha de frente dos combates.


 


 


Mas é em Che que toda a ação se centra. Soderbergh usa o close para acentuar o que o espectador está familiarizado: o charuto havana, as botas luzidias, a boina, e o cavanhaque. É quase um debruçar sobre o mito, aqui feito pelo portoriquenho Del Toro, de incrível semelhança com Guevara. Mas não deixa de ser crítico ao mirar num Che temerário, usando uma suposta advertência de Fidel ao argentino, quando aquele lhe diz para não se expor tanto aos combates. Porém, logo se trai ao atender às famigeradas platéias cubano-estadunidenses enfatizando supostas “predileções do revolucionário” pelas execuções dos inimigos da revolução. São instantes em que cede à controvérsia, numa obra que tende a engrandecer o mito Guevara, mas que procura falar também para platéias específicas.


 


 


Não há nada mais político-ideológico do que isto. Principalmente porque “Che” é fruto do empenho de anos de Del Toro, impressionado com o argentino depois de ler “Passagens da Guerra Revolucionária” e, numa obra de tais dimensões o viés mercadológico termina por se impor. Não se deve esquecer que, lançado em Cannes, em 2008, com cerca de quatro horas de duração, o filme foi dividido em duas partes, para atender ao mercado exibidor, defensor de obras de, no máximo 90 minutos, para, com numero maior de sessões, aumentarem seus dividendos.


 


 


Cuba, nos anos 50, é verdadeiro vulcão


 


 


Não é fácil escapar a estas armadilhas. Principalmente, porque o filme comporta várias leituras, muitas serão vistas na segunda parte da cinebiografia: “Che – O Guerrilheiro”. Dentre elas, a da semente da Revolução Cubana ser plantada na Sierra Maestra, engendrando o cerco às cidades, matriz do foquismo, repetida depois pelos sandinistas na Nicarágua, duas décadas depois. No filme isto se dá pela construção de várias frentes de luta e pela ampliação do número de guerrilheiros e da frente política, num país dominado pelo latifúndio e com profundas desigualdades sociais. Logo na abertura, Cuba é mostrada como um vulcão prestes a entrar em erupção. O próprio Fidel desfila uma série de dados, no referido primeiro encontro com Che, que justificaram a criação do movimento que desencadeou a revolução: 20% dos cubanos estavam desempregados, 1,5% dos latifundiários controlavam 46% das terras, metade da população não tinha eletricidade, 50% viviam em favelas e 37% não sabiam ler nem escrever. E o pior: os cofres cubanos drenavam anualmente um bilhão de dólares para os EUA.


 


 


São apenas nestes instantâneos que os Estados Unidos aparecem na narrativa. Salvo quando, diante da ONU, em Nova York, a irada direita cubana e estadunidense enfileira diatribes publicáveis ou não contra Che e a Revolução Cubana. De qualquer forma, Soderbergh mantém o revolucionário argentino-cubano sob os holofotes num momento de grandes transformações na América Latina, com forças progressistas e de esquerda pondo em movimento várias mudanças, que, em seu tempo, pareceriam impossíveis. Haja vista, a resistência e a oposição que as forças conservadoras internas e as Ditaduras do Cone-Sul (Argentina, Uruguai e Brasil), sob orientação do governo Nixon, impuseram a Salvador Allende (1908/1973), quando este chegou ao poder, no Chile, em 1970. Dá para sentir a diferença, o significado que tem hoje uma revolução marxista, no pós-Guerra Fria, com a China caminhando a passos largos para liderar o planeta.


 


 


“Che” (“Che”). Drama. EUA, França, Espanha. 2008. 131 minutos. Roteiro: Peter Buchaman. Direção: Steven Soderbergh. Elenco: Benício Del Toro, Demían Bichir, Rodrigo Santoro, Catalina Sandino Moreno.


                   


(1)Furhammar, Leif; Isaksson, Folke, Cinema & Política,  Editora Paz e Terra, 1976;
(2)Idem, idem, obra cit. Págs. 143, 144.


 


Prêmio de Melhor Ator Festival de Cannes 2008.


 


 


Tem a ver


 


 


Muitos filmes merecem ser vistos pelo tema e pela abordagem que seus diretores, muitas vezes, desconhecidos, lhe dão. A coluna, que às sextas-feiras, veicula análise de um filme em cartaz, fará breves comentários de um ou mais deles, para que o leitor possa assisti-los em reprises, mostra dos melhores do ano ou em DVD. É uma forma de não deixá-los à margem da discussão como os dois que comentamos abaixo, que, de uma forma ou outra, discutem as revoluções terceiromundistas que a obra analisada nesta semana.


 


 


Filmes


 


 


A batalha de Argel (Casbah); Guerra. Argélia/Itália. 1965. 117 minutos. P&B. Roteiro: Gillo Pontecorvo/Franco Solinas. Direção: Gillo Pontecorvo. Elenco: Jean Martin, Yacef Saadi, Brahim Haggiag. Obra-prima do cinema político italiano dos anos 60; relata a organização da resistência argelina ao colonizador francês. Mostra as táticas e estratégias políticas usadas pelas organizações argelinas para evitar que os agentes franceses chegassem aos seus militantes. Usa, para isto, cenas de suspense, reflexão e uma narrativa digna do cinema de primeira linha.


 


 


México insurgente.México. 1973. 124 minutos. Direção: Paul Leduc. Narra a viagem, os encontros e as reportagens feitas pelo jornalista estadunidense John Reed, que participaria depois da Revolução Russa e escreveria o livro “Os 10 Dias que Abalaram o Mundo”. Vale pela maneira como Leduc enfoca as condições em que dá a revolução mexicana e as relações de suas lideranças com os EUA e os líderes políticos que os apoiavam.


 


 


Livro


 



Chê – uma biografia – Jo Lee Anderson. 924 páginas. Editora Objetiva. Uma das mais completas biografias de Ernesto Che Guevara, escrita pelo jornalista estadunidense, que trabalhou como consultor do filme “Che”, durante as filmagens das duas partes dirigidas por Steven Soderbergh.

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