O morto que assusta
A virulência com que a direita ataca seus opositores não é novidade. A Gestapo de Hitler, os integralistas brasileiros do estado novo e seus equivalentes do DOI-CODI da ditadura militar, os facínoras argentinos e chilenos que trucidaram milhares de indefesos, assim como a CIA americana, estão entre os exemplos mais salientes, mas não os únicos, dessa prática truculenta. Mas ninguém esperava que a direita agisse com tanta virulência contra um morto – Hugo Chávez – que ela já demonizou em vida.
Publicado 18/03/2013 19:47
Com o fim das ditaduras militares que a CIA impôs mundo afora, com destaque para a América Latina, ela recorreu a uma direita “engravatada”, defensora da chamada política neoliberal para continuar mantendo a sua área de influencia no que ela considera países satélites de sua órbita estelar.
No Brasil encontrou no PSDB ampla recepção a esse receituário reacionário sistematizado por Friedrich Hayek ainda nos idos de 1944. Nos oito anos de governo FHC (1995-2002) essa política reinou absoluta. Com os sucessivos escândalos de corrupção, de supressão de direitos sociais e trabalhistas, de submissão absoluta aos interesses americanos e, principalmente, das privatizações criminosas do patrimônio publico nacional, ou melhor, da “privataria tucana” como registra o jornalista Amaury Jr., a direita, no Brasil, foi fragorosamente derrotada em 2002, 2006 e 2010.
O mesmo fenômeno se repetiu na Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador e particularmente na Venezuela, aonde o processo vem se acentuando com maior nitidez em direção a um governo de clara opção pelas camadas populares.
Sem o apoio dos governos fantoches para reproduzir sua política e sem horizonte em curto prazo para reverter essa situação vexatória, agravada com a quebradeira da Europa que ainda tentava aplicar essa política, a direita está apelando para o vale tudo. Diariamente, como numa orquestra, seus veículos de comunicação de massa articulam ataques frontais a esses governos progressistas, os quais são reproduzidos acriticamente por gente tipo a blogueira cubana Yoani Sanchez “la muchacha de la CIA”, e por políticos reacionários, a soldo dessa gente.
Para se ter um ideia desse reacionarismo é emblemático o comportamento da bancada de vereadores do PSDB em Manaus, que de forma grosseira e antirregimental, tentavam impedir que o parlamento municipal prestasse um minuto de silêncio pelo passamento do líder venezuelano Hugo Chávez, por solicitação do líder do Partido dos Trabalhadores na casa.
O episódio soa mais grotesco ainda quando se sabe que o governo venezuelano mantém as melhores relações políticas e comerciais com o Brasil e especialmente com o Amazonas, sendo um grande comprador dos produtos industriais produzidos na Zona Franca de Manaus.
Tal atitude desvairada só é compreensível pelo reacionarismo doentio que sempre caracterizou a direita brasileira. É como dizia Rousseau “se queres conhecer alguém, veja-o em atuação”.
Essa gente se volta contra tudo que cheira a algum avanço em direção as conquistas do povo.
Se os governos de centro-esquerda do Brasil, da Argentina, da Venezuela, do Equador, da Bolívia, etc., estão retirando milhões de patriotas da extrema pobreza, expandindo a rede pública de ensino, ampliando os programas de saúde da família a tal ponto que falta médicos no Brasil e, principalmente, reafirmando o principio de soberania nacional ao buscar parcerias com todos sem se submeter ao cabresto dos americanos, como fazia o PSDB, tudo isso pouco importa. São conquistas para o povo e eles são contra exatamente o povo.
Mas o povo entende perfeitamente – e eis a razão do desespero deles – até porque a dialética nos ensina que a prática é o critério da verdade. E a prática deles nós já conhecemos e não temos nenhuma saudade. Por isso, apesar dos “miados”, o povo segue em frente.
E fica claro que o medo deles não é do morto Chávez, mas das ideias vivas de Chávez.