“The Father” merece mais comentários
Um excelente roteiro foi o criado pelo diretor Florian Zeller, e me parece que os espectadores próximos do campo psicológico aceitam a estória vivida pelos personagens como verdadeira.
Publicado 15/05/2023 10:12

Se eu fosse classificar o filme “Meu pai” (The Father, no título original) em estrelas, colocaria 4 estrelas. Isso porque deixaria para 5 estrelas os filmes realmente geniais, e esse, apesar de muito bom, se deixa prender pelo caminho da estrutura clássica: começo, meio e fim. O diretor francês Florian Zeller fez sua primeira direção, e foi muito seguro na estruturação e realmente não deve ter querido enfrentar os mandos da produção. Do jeito que está o filme, demonstra que consegue atrair um grande público. E ainda por cima pelos muitos prêmios que já recebeu.
Alguns amigos consideraram que eu não dei o merecido destaque ao ator Anthony Hopkins em meu texto anterior sobre o filme. Eu acho que realmente não comentei a interpretação. Eu vi “The Father” duas vezes, e deixei a exibição com as falas no inglês original, sem legendas. E agora vi mais uma vez, também sem legendas, mas com as falas em espanhol. Não só pela minha vista fraca, mas também porque as legendas são um entulho na visão de um filme. Sem elas, o filme fica muito mais próximo do espectador. Para toda a compreensão.
Leia também: Relembrando Harry Belafonte
O diretor Florian Zeller não é um cineasta autêntico. Ele mostra ser um escritor. Inclusive o filme foi inspirado na peça “The Father”, de autoria de Zeller, que também fez o roteiro do filme com auxílio de outro roteirista. E trabalha de forma excelente a estrutura fílmica. Quanto às interpretações, são realmente excelentes, mas é preciso lembrar que no teatro o intérprete depende muito de si próprio para um trabalho excelente. E no cinema, muito mais do que do intérprete, a interpretação depende do diretor, e fundamentalmente do editor / montador. E esse filme tem uma montagem excepcional, o que sem dúvida ajudou a perfeição das interpretações.
Nessa terceira visão, talvez meu prazer estético tenha aumentado, pois eu me aprofundei mais na relação com a estória. É um drama que está muito próximo do que eu sou atualmente. E essa relação pessoal sempre faz com que o espectador se aproxime mais de um trabalho estético. Um excelente roteiro foi o criado por Florian Zeller, e me parece que os espectadores próximos do campo psicológico aceitam a estória vivida pelos personagens como verdadeira. Um ponto excepcional é ter utilizado o próprio nome Anthony do ator para o personagem. O que aumentou muito a dimensão dramática e cênica. Toda a experiência teatral de Anthony Hopkins ele colocou para aumentar a dimensão da sua interpretação.
Olinda, 08. 05. 23
Zanzando com Rita Lee em Olinda
Me dá uma certa estranheza abrir o computador e ver todas as notícias e colunistas falando sobre Rita Lee. Isso me mostra que ela foi a ídolo no tempo dos Mutantes de todo esse pessoal que hoje está em plena atividade na imprensa. É o Brasil de hoje que homenageia a cantora e artista múltipla.
Leia também: Como Rita Lee desafiou a ditadura militar
Nunca fui próximo de Rita Lee, mas brinquei com ela um dia há muitos anos na casa do pintor José Cláudio, em Olinda. Foi uma noite não sei o ano. Uma das primeiras vezes em que Caetano Veloso se apresentou no Recife com os Mutantes. Eu e Jomard Muniz de Brito fomos até Boa Viagem encontrar com eles no hotel. E saímos para passear. Lá para as tantas da noite, resolvemos ir até a casa de Zé Cláudio, como uma atração para Caetano. O pintor nosso amigo morava então numa rua da Olinda do sítio histórico, numa casa numa rua meio de lado, parece que tem um colégio num lado e a casa dele era um casarão. Batemos na porta fazendo a maior zoeira. Depois de algum tempo, Zé Cláudio abriu com uma cara de sono, mas quando viu que era Caetano abriu logo a porta. E aí entramos e foi uma sessão especial, inclusive me parece que foi a única vez em que vi os desenhos eróticos de Zé Cláudio. Os Mutantes invadiram tudo e me lembro de uma peripécia da minha parte. Zé Cláudio tinha umas espadas de criança e Rita Lee terminou pegando as espadas e me dando uma, e terminou que nós ficamos brincando de gladiadores. Certamente, sob os olhares de Jomard bem abertos.

É triste me lembrar dessas cenas. Como aquela menina já tinha 75 anos de idade e morreu?
Olinda, 09. 05. 23
Leia também: Rita Lee sempre riu de si, impiedosa e amorosa