A Amazônia e o projeto nacional de desenvolvimento

Tendo como tema central a Amazônia realizou-se na semana que passou , em Belém, a 59ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência ( SBPC). Para o novo presidente da entidade, professor Marco Antonio Raupp, a Amazônia “ é uma região e

No transcorrer da reunião da SBPC, dia 10 de julho, no novo plenário da Câmara Municipal de Belém/PA, o Instituto Maurício Grabois promoveu o debate “A Amazônia e o projeto nacional de desenvolvimento sustentado”. O acontecimento contou com público de uma centena de pessoas, dentre elas lideranças políticas, populares, cientistas e estudantes.


 


 


A mesa do evento foi coordenada pelo vereador Paulo Fonteles Filho (PCdoB), que na ocasião representou o Instituto; por Eron Bezerra (engenheiro agrônomo, professor da Universidade Federal do Amazonas, deputado estadual PCdoB/AM, secretário de agricultura do Amazonas e membro do Comitê Central do PCdoB); Ennio Candotti (presidente da SBPC); Marco Antonio Raupp (presidente recém-eleito da SBPC e doutor em matemática pela Universidade de Chicago); Samuel Soares de Almeida (pesquisador do Museu Paraense Emilio Goeldi, órgão federal de pesquisa); Ronaldo Lima Araújo (professor-doutor do Centro de Educação da UFPA) e Luiza Rangel (presidente da ANPg, Associação Nacional dos Pós-graduandos).



 
Foi muito honroso para o Instituto Maurício Grabois contar na mesa de sua atividade os professores Ennio Candotti que terminou sua frutífera gestão à frente da SBPC e do professor Marco Antonio Raupp recém-eleito para suceder Candotti. O ponto de encontro dessas personalidades e dos demais pesquisadores e cientistas brasileiros com o PCdoB certamente é a visão comum de que a ciência, a tecnologia e a inovação são bases indispensáveis da soberania do país e do projeto nacional de desenvolvimento. Generosamente, ambos, de público, sublinharam a importância da presença do PCdoB nas lutas pela promoção da ciência em nosso país.


 


Nesse mesmo foi lançamento o último número da revista Princípios dedicado ao tema da “Amazônia e o projeto de desenvolvimento sustentado”.Reproduzo nesse espaço pela importância do tema o editorial da revista.


 


Amazônia: defender, conhecer, preservar e desenvolver


 


A parte brasileira da Amazônia, denominada de Amazônia Legal, corresponde a 61% da área total do país. Essa região concentra extraordinária biodiversidade, ricas jazidas de minérios, cerca de 20% das reservas mundiais de água doce e abriga a maior floresta tropical úmida do planeta. Nela vivem 12% dos brasileiros.


 


Essa região com tais dimensões de riqueza se impõe como parte destacada do projeto nacional de desenvolvimento. Uns, erroneamente, julgam que para preservá-la é necessário colocá-la à margem do desenvolvimento, outros entendem ‘desenvolvimento’ como saque e destruição. O engate pleno da Amazônia nesse projeto demanda tarefas sinérgicas e múltiplas por parte do Estado e do governo que poderiam ser sintetizadas em quatro verbos: defender, conhecer, preservar e desenvolver.


 


Como diz o professor Ennio Candotti, da SBPC, é preciso uma espécie de “chamada geral” em prol da Amazônia a partir da consciência que se trava uma “guerra” na região. Ao justificar a realização, em julho de 2007, na Amazônia, em Belém, do Congresso Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) afirma que se trata de “um dever nacional” colocar a Amazônica na pauta política e resolvê-la com a maior a brevidade. “Antes que outros resolvam por nós”


 


Possuidora de tamanha riqueza, a Amazônia sempre foi e é alvo da cobiça do imperialismo. Diferentes argumentos são utilizados para saquear ou piratear seus “tesouros, questionar e ameaçar a soberania brasileira sobre essa parte valiosa de seu território.


 


Tais ambições apresentam-se, na atualidade, não raro, camufladas num falso discurso ambiental e na surrada, porém enganosa tese da “Amazônia, patrimônio da Humanidade”. Salvaguardá-la das ameaças e perigos de toda espécie que emanam do expansionismo das grandes potências é um dever do Estado nacional. Defender a Amazônia tem uma dimensão de segurança que se expressa numa política e na presença das Forças Armadas na região. Mas, a defesa vai muito além da dimensão militar.


 


Conhecer a Amazônia é um desafio que persiste. E o alarmante é constatar que setenta por cento dos trabalhos científicos sobre a Amazônia são de pesquisadores de outros países. Conhecê-la bem via os diferentes domínios das ciências através da pesquisa nacional sobre a região. Demanda fortalecer as universidades e centros de pesquisa da Amazônia. Formar jovens cientistas e recursos humanos indispensáveis à produção de soluções originais que a região exige. Valorizar o conhecimento tradicional da população indígena e ribeirinha. O Brasil desenvolver o conhecimento sobre a Amazônia é, também, um dos principais antídotos contra a biopirataria.


 


Conhecê-la para preservá-la e desenvolvê-la! Não usufruir de suas riquezas sob o argumento de que o desenvolvimento irá depredá-la além de, efetivamente, não protegê-la seria negar ao país e ao povo o acesso a uma riqueza que lhes pertence e, simultaneamente, manteria tal riqueza como uma reserva resguardada num “santuário” para o saque das grandes potências no tempo que lhes for conveniente.


 


Desenvolvimento a serviço do interesses nacionais e da elevação da qualidade de vida do povo brasileiro, em especial, da população da Amazônia. Tantos números gigantescos se chocam com a miséria da população amazônica e com a violência de que é vítima. O mundo do trabalho na região é marcado pela diversidade e pelo o contraste. Ilhas de prosperidade e expansão da agroindústria e, ao mesmo tempo, presença do trabalho escravo e grande número de conflitos de terra patrocinados pelo latifúndio.


 


Na Amazônia Legal se encontram 57% do total das terras indígenas e mais de 30% da população indígena do país. O tema da Amazônia como parte do projeto nacional, obviamente, exige do Estado nacional enfrentar o desafio de, como determina a Constituição, compatibilizar os interesses nacionais com os direitos dos povos indígenas.



 

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