A luta política que se trava na base da sociedade. Por Luciano Siqueira

A extrema direita trava a chamada “guerra cultural” cujo conteúdo se dissemina no seio do povo explorando sentimentos primários do ser humano.

O povo tem grande expectativa com Lula l Foto: Ricardo Stuckert

Nos dias que correm, quando o governo Lula tenta a ingente e complexa tarefa da reconstrução nacional, óbvio que o programa de governo, a contribuição de partidos políticos convergentes e lideranças influentes são indispensáveis.

Mas é preciso completar esses elementos com o fator consciente na base da sociedade, onde se trava a peleja cotidiana pela sobrevivência e onde circulam ideias as mais díspares, espontaneamente ou fruto da interferência de correntes de pensamento diversas, a partir de agremiações partidárias, de organizações da luta social, movimentos em torno de bandeiras gerais e mesmo igrejas e segmentos religiosos.

A extrema direita, que nos anos recentes ascendeu no Brasil, compreende muito bem isso. E por mecanismos diversos, com destaque para os meios digitais, trava a chamada “guerra cultural” cujo conteúdo se dissemina no seio do povo explorando sentimentos primários do ser humano — a raiva, o ressentimento e o medo.

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Nesse complexo cenário, o Partido Comunista do Brasil, que no dia 25 o último completou 101 anos de existência e atividade ininterrupta, mercê do seu programa, dos princípios que o norteiam e da experiência combatente e organizativa que acumula, tem a dar uma contribuição importantíssima.

Trata-se da dinamização consciente de suas Organizações de Base, enraizadas junto ao povo, à classe trabalhadora em especial, ativas na luta cotidiana.

Obviamente considerando-se o volume de energia necessariamente destinado à chamada “grande política” — terreno próprio da construção e da manutenção cotidiana da frente ampla —, líderes partidários (os comunistas em especial) têm também a tarefa irrecusável do envolvimento direto, nas condições possíveis, com a rede de núcleos e organizações de base que hoje, mais do que nunca, precisa se ampliar rapidamente.

No conturbado período histórico que propiciou, na velha Rússia czarista, o ambiente favorável a transformações revolucionárias, Vladimir Ilyich Ulianov (Lênin) concebeu um partido cuja essência estrutural se traduzia num centro único de direção nacional apoiado em milhares de organizações de base, estas coordenadas por núcleos de direção intermediários.

Essa fórmula, ressalvadas as características especificas de cada nação e de cada povo, permanece válida e indispensável.

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E se a todas as forças do campo popular, integrantes da ampla frente democrática que governa o país, cabe o dever irrecusável do vínculo ativo com a população, ao PCdoB mais ainda porquanto seu Programa próprio não se difunde sem esse vínculo.

Como bem assinala o dirigente comunista Walter Sorrentino, um fator de preservação da própria identidade partidária.

Enfim, uma trincheira que não pode permanecer vazia; e que uma vez bem ocupada possibilita a geração de novas trincheiras semelhantes — um “detalhe”, portanto, de valor estratégico no nível atual da luta no Brasil.

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