A nossa comunicação é política e deve ser unitária

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O camarada Lênin já alertava para a importância da comunicação como parte de construção dos instrumentos de organização política, no artigo intitulado “Por onde começar?”, o líder da Revolução Russa destaca:  “Um jornal, todavia, não tem somente a função de difundir ideias, de educar politicamente e de conquistar aliados políticos. O jornal não é somente um propagandista e agitador coletivo, mas também um organizador coletivo. Sobre esse último aspecto, se pode comparar o jornal com a estrutura de andaimes que envolve o edifício em construção mas permite adivinhar seus traços, facilita os contatos entre os construtores, lhes ajudando a subdividir o trabalho e a dar conta dos resultados gerais obtidos com o trabalho organizado. Através do jornal e com o jornal se formará uma organização permanente, que se ocupará não somente do trabalho local, mas também do trabalho geral sistemático, que ensinará a seus membros a acompanharem atentamente os acontecimentos políticos, a avaliar a importância e a influência de diversos estratos da população, a elaborar quais métodos permitem ao partido revolucionário exercitar sua influência sobre os mesmos”.

Para os marxistas, a comunicação não é apenas veículo de transmissão e diz respeito unicamente aos veículos que as transmite, nem é meramente manipulação.  É atividade humana permeada de contradições e de conflitos, que tem como centralidade o ser humano historicamente situado.

Evidentemente a luta de ideias é a tarefa principal da comunicação, entendida na função de agitar, aproximar, dialogar e propagandear as nossas ideias.

A nossa construção organizativa, dialeticamente se entrelaça e se afirma pela comunicação.

A comunicação cria narrativa e está dentro das disputas de narrativas. Isso sinaliza que é preciso traçar perfis e objetivos, ou seja planejar a política de comunicação, no aspecto técnico, no sentido compreender a sistemática dos próprios instrumentos de comunicação e as suas possibilidades de potencializar ideias e no aspecto político, definir a identidade, a unidade e a clareza política   e do que se quer comunicar.  

Isso irá possibilitar que não sejamos engolidos pelo fervor midiático do momento, o que pode descontruir a nossa unidade e diluir a nossa compreensão política. Por outro lado, planejar a comunicação, também nos afasta de sermos dinossauros da tecnologia. É preciso definir a política e ao mesmo tempo se apropriar da técnica.            
No caso do Coletivo Camaradas, a comunicação deve considerar, as especificidades que dizem respeito a sua estrutura de organização, atuação e concepção.

O Coletivo se organiza de forma descentralizada e de horizontalizada, a partir do conceito dos microcoletivos (que para outras organizações de esquerda recebe o nome de base, celular ou núcleo) e mantem uma única unidade de ação e concepção política, devendo  prevalecer sempre o nome do Coletivo Camaradas em todas as ações, como forma de criar uma narrativa coletiva  de organização.    

Espacialmente, os Camaradas têm uma atuação de diálogo e construção nacional com forças do campo democrático, anticapitalista, progressista, popular e de esquerda, envolvimento com as lutas de democratização e justiça social, notadamente no campo das políticas públicas para a cultura. Localmente, tem uma atuação na comunidade do Gesso (Crato/CE), que serve com uma espécie de laboratório do nosso discurso de democratização estética, artística, literária e de emancipação humana e que ao mesmo tempo, é, elo de ligação com os sujeitos e com o lugar, inclusive no processo de construção de uma narrativa de lugar. O que do ponto de vista da comunicação pode ser duas coisas distintas e que se entrelaçam, ou seja, a comunicação do Coletivo, do lugar e dos seus sujeitos, bem como a relação do Camaradas e da comunidade.  

A nossa estrutura de organização e atuação deve se ligar a nossa concepção política que é guiada (ou deve ser, de acordo com o nosso próprio estatuto) pelo marxismo. Essa é uma exigência e uma necessidade para o conjunto da nossa militância, estudar o marxismo para compreendemos a nossa  atuação e proposituras.  

A nossa comunicação deve compor o nosso processo de organização e concepção política. A nossa atuação local ou nacional não está desvinculada do processo de transformação social e a nossa comunicação deve contextualizar essa narrativa para que não sejamos “o movimento pelo movimento”.  

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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