Ainda sobre o salário mínimo

Estas notas devem ser lidas como complemento (e confirmação numérica) do meu artigo “Malhando em Ferro Quente” que João Franzin da Agência Sindical renomeou o “Poder do Salário Mínimo”.

Nele, para recordar, era destacado o papel positivo dos reajustes do salário mínimo, conquistados pelas centrais sindicais unidas e que garantiram ganhos reais para a massa de trabalhadores pobres.

Na quarta-feira, 7 de abril, o jornal Valor Econômico em pagina inteira assinada por João Villaverde mancheteava que o “poder de compra (do salário mínimo) é o maior em 14 anos” e ilustrava a informação com um gráfico onde se destacava que o salário mínimo, que aumentou 9,5% em um ano, é capaz de adquirir 1,8 cesta básica do DIEESE. Cálculos do economista Fábio Romão, citados na reportagem, confirmam que de junho de 2008 a hoje o poder de compra do salário mínimo cresceu 23,3% (combinando-se a elevação do salário e a baixa do custo da cesta básica). Ao longo da matéria adverte-se para uma possível desaceleração desse ritmo por conta de um pequeno repique inflacionário.

Em anexo à matéria principal, o Valor Econômico destaca que a classe C já representa 49% da população brasileira com 92,85 milhões de pessoas. Entre 2008 e 2009, segundo pesquisa divulgada pelo grupo francês BNP Paribas e pelo Instituto IPSOS, a renda familiar média mensal caiu 2% nas classes A e B (de R$ 2586 para R$ 2533), mas subiu 6% na C (de R$ 1201 para R$ 1276) e 13% nas D e E (de R$ 650 para R$ 736).

Enquanto a perda deve ser atribuída aos efeitos da crise externa de 2009, os ganhos de renda são o reflexo direto dos reajustes do salário mínimo.

Os milhões de trabalhadores (que não configuram a base do movimento sindical organizado) exercem, apesar disto, sobre à ação sindical um efeito positivo altista que deve ser adicionado ao aumento do emprego formal que ocorre com a retomada do desenvolvimento econômico.

O bom senso exige que o movimento sindical e as centrais unidas, protagonistas desta vitória social, martelem incansavelmente este feito e procurem se aproximar do “fundo do quadro” da sociedade com propaganda, esclarecimento, mobilização e organização.

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