Amazônia: Clima & Internacionalização

A internacionalização da Amazônia, por razão geopolítica, sempre fez parte das pretensões do imperialismo. Ao longo dos anos, diversas táticas foram utilizadas.

Em 1835 os ingleses propuseram ao governador “cabano” Eduardo Angelim que separasse a Amazônia do Brasil em troca de apoio militar e econômico; em 1850 os EUA criaram a “Companhia de exploração dos recursos naturais da Amazônia”; em 1853 o diplomata americano W. Trousdale oficializou a pretensão de abrir o Rio Amazonas à navegação internacional; em 1901 os EUA criaram o Bolivian Sindicate para arrendar o estado do Acre; em 1927 o governo americano condicionou empréstimos ao Brasil à concessão de latifúndios para a utilização de grandes projetos agro-florestais, como Fordlandia e Belterra (Pa); em 1945 a UNESCO lançou o “movimento Pró-internacionalizacão da Amazônia”; em 1964 o Instituto Hudson lançou a “Teoria dos Grandes Lagos”; de 1964 a 1985 o Brasil e todos os países da América do Sul eram satélites dos EUA, no auge da “guerra fria”; em 1991 o Senado americano formulou a “Ata da sobrevivência cultural pan-americana” na qual subordinaram qualquer renegociação da dívida externa de países como o Brasil, às condições de vida dos povos indígenas; atualmente está em vigor o “Projeto de conversão da dívida por floresta”, mediante permuta de grandes áreas para preservação, bem como o “Plano Colômbia”, que nada mais é do que um enclave americano na região.


 



Mandatários dos Estados Unidos e da Europa já manifestaram, em distintas oportunidades, que “a Amazônia é patrimônio da humanidade”.


 



Neste início de século, porém, a ''teoria do bloqueio'' parece ser a mais sofisticada arma do imperialismo na sua pretensão secular de se apropriar dessa região, desta feita utilizando a questão ambiental como escudo de suas pretensões.


 



Recentemente esteve no Senado brasileiro, a convite do Senador Eduardo Suplicy, o pesquisador alemão Michael Dutschke – um dos autores do 4º relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) -, que defendeu abertamente a internacionalização da Amazônia, sob o “argumento” de que há muito desmatamento ilegal. Sustenta, portanto, a mesma opinião do presidente de seu país, Horst Köhler, expressa no início do ano, por ocasião de sua visita ao mesmo Senado, quando defendeu que “as queimadas amazônicas deveriam merecer uma gestão compartilhada”.


 



A Revista Planeta (março/2007) publica dados do “World Resources Institute” com a relação dos dez países que mais emitiram gás carbônico (CO2) em 2003. Os EUA lideram o ranking com 5,8 bilhões de toneladas de CO2 (22,27% do mundo) e 19,9 toneladas por habitante. O Brasil é o 19º. Emite 332 milhões de toneladas de CO2 (1,28%) ou 1,8 toneladas por habitante. A mesma reportagem informa que o desmatamento na Amazônia em 2005 foi 31% menor, em relação a 2001. Por isso mesmo o Brasil sequer figura entre os países com redução obrigatória de emissão de gases de efeito estufa (GEE), segundo os critérios do Protocolo de Kyoto.


 



Dados copilados pela Convenção do Clima das Nações Unidas, recentemente divulgado, demonstram que os maiores poluidores são os países ricos, que emitiram 18,2 bilhões de toneladas de CO2 em 2005, das quais 7,24 bilhões foram emitidas pelos Estados Unidos, o maior poluidor do planeta.


 



E o próprio 4º Relatório do IPCC afirma textualmente: “a principal fonte de aumento da concentração atmosférica de dióxido de carbono desde o período pré-industrial se deve ao uso de combustíveis fósseis, com a mudança no uso da terra contribuindo com uma parcela significativa, porém menor”.


 



Se a preocupação do presidente alemão e de seu escudeiro científico fosse de natureza efetivamente ambiental seria razoável que eles defendessem a “gestão compartilhada” da indústria americana, responsável por ¼ da poluição terrestre.


 



Mas a pressão é sobre a Amazônia, que limpa o meio ambiente. A Amazônia emite algo como 200 milhões de toneladas de carbono/ano e seqüestra, no mínimo, 350 milhões de toneladas, gerando um saldo de 150 milhões de toneladas.


 



Parece não restar dúvidas sobre a real motivação desta histórica pressão.

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