Amazônia Colombiana

Essa direita, sempre tão “exigente” com o rigor moral da esquerda, é a mesma que fecha os olhos para as torturas praticadas pelas tropas americanas mundo afora e pelas execuções sumárias que são realizadas pelos grupos paramilitares da Colômbia, sob a proteção do exército oficial e de seus treinadores americanos. Para o governo americano e essa direita, princípios como soberania, autodeterminação e independência nacional são meros recursos de retórica, usados apenas quando lhes é conveniente.

O que legitimaria a invasão do Equador pela Colômbia, segundo Bush, seria o fato de que o exército colombiano e seus braços paramilitares financiados e treinados pela Cia assim agiu para matar os combatentes da Farc – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – que se encontravam naquele território.

É como se alguém justificasse a invasão de sua casa sobre o argumento que ali entrou para agredir um seu desafeto. Sim, desafeto seu, não necessariamente do dono da casa. A Farc controla 40% do território colombiano, de onde se conclui que na Colômbia não há mais um governo e sim 2 governos. Há anos nem a Farc consegue ocupar todo o território e tampouco o exército oficial consegue controlar o teatro de operações onde os guerrilheiros se movimentam com desenvoltura.

A primeira questão a ser resgatada, portanto, é o fato de que a Colômbia é um país com dois governos, em estado de beligerância, o que assegura a qualquer nação soberana, inclusive em nome da paz, manter relações políticas com ambas as forças em contenda. É isso que faz o Equador, a Venezuela e deveria fazer o Brasil.

Como se pode ver, os “argumentos” de Bush e da direita brasileira não resistem a um sopro.

Desmoralizada nos argumentos a direita procura disseminar a versão de que há guerrilheiros por todos os lados da selva amazônica. Talvez existam, uma vez que é praticamente impossível na selva amazônica se determinar com precisão onde começa e termina uma determinada fronteira nessa imensidão amazônica, o que apenas reforça a necessidade, em nome da paz, de se conceder o status de força beligerante às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

A paz na Colômbia é fundamental para o Brasil e especialmente para a Amazônia, essa imensa área distribuída por 09 países (Brasil, Bolívia, Equador, Guiana, Suriname, Caiena, Peru, Colômbia e Venezuela), cujas fronteiras nem sempre dispõem do menor recurso de defesa regular. A paz e harmonia que sempre reinou nesta região está ameaçada pelo terrorismo de Bush e seu protegido Uribe.