Após o Paraguai, só falta a Colômbia?

A maioria dos analistas políticos converge para o entendimento de que uma “onda vermelha”, progressista, varre a América Latina, sugerindo que o continente está protagonizando neste início de século, em escala mundial, a mais radical e espetacular contra

As mudanças políticas aqui vivenciadas, de fato, têm caráter de vanguarda, especialmente num momento em que o mundo não vive um surto revolucionário, como aquele que protagonizou revoluções socialistas (China, Cuba, Vietnam, etc.) e revoluções de libertação nacional, que culminou com a independência colonial de boa parte do continente africano.


 


O relevo destas mudanças no cenário geopolítico em curso decorre da singularidade mundial e da particularidade de que tais mudanças – algumas de caráter radical – ocorreram pela via institucional eleitoral, quando a tradição do continente tem sido de levantes armados.


 


Em menos de uma década velhas oligarquias e/ou novos “ofice boy” do neoliberalismo foram substituídos por lideranças populares como Hugo Chaves (Venezuela), Lula (Brasil), Tabaré Vasquez (Uruguai), os Kirchener (Argentina), Michele Bacheler (Chile), Daniel Ortega (Nicarágua), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e agora Fernando Lugo, no Paraguai. O Peru mudou sem mudar.


 


A origem e a tradição política dessas lideranças não são comuns. Alguns lideraram guerrilhas vitoriosas, como Daniel Ortega, que liderou os “Sandinistas” nicaragüenses. Hugo Chavez venceu as eleições após liderar um levante militar, no que se assemelha a Rafael Correa do Equador. Tabaré Vasquez e Michele Bacheler têm origem na velha tradição socialista. Lula e Evo Morales construíram suas biografias basicamente na luta sindical, os Kirchener na luta democrática e Fernando Lugo nas hostes eclesiásticas, animado pela teologia da libertação.


 


Como se pode ver, praticamente todos os paises da região foram alcançados. E mesmo a Colômbia, que os expertos apontam como a exceção desta onda mudancista, talvez viva o processo de transformação mais radicalizado de todos, na medida em que o governo oficial da Colômbia só controla pouco mais de 50% do território nacional. A outra metade do país está sobre o controle das Forças Armadas Revolucionária da Colômbia (FARC) e de outros grupos insurgentes.


 


A reação tresloucada da direita brasileira, especialmente de seus representantes no Congresso Nacional (PFL e PSDB) e de seus aparelhos de comunicação (Televisão, Revistas e Jornais) expressa o grau de radicalidade desse embate de classe. A direita tem recorrido a todo tipo de ataques, inclusive o golpismo. É preciso resistir e contra atacar. Radicalizar ainda mais estas transformações, alargando as conquistas populares (redução da jornada de trabalho, elevação permanente da massa salarial, etc.fe) e consolidando o caráter progressista destas mudanças como forma de isolar a direita e consolidar o apoio popular.


 


Vivemos um momento especial, de transição entre uma situação de defensiva estratégica, caracterizada pela ofensiva da direita, para uma situação de resistência ativa ao neoliberalismo e, quem sabe, para uma nova situação de ofensiva estratégica.

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