Bardo é um filme mexicano totalmente

“Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades” é um filme glauberiano e ou godardiano pela matreirice de dizer tudo que é preciso, porém sem deixar clara a verdade total que está dizendo como acontece.

Quem conhece o México sabe que, por ser vizinho físico dos Estados Unidos, nada lá deixa de ter a pata norte-americana presente. Mas esse filme “Bardo,  Falsa Crônica de Algumas Verdades”, uma obra feita em 2022 pelo cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu, conseguiu nos colocar um autêntico retrato cinematográfico do mitológico México. Ele parece que vai concorrer ao próximo Oscar, mas isso é sempre um desejo dos produtores como a Netflix que o está lançando.

A Netflix na sua apresentação o coloca como uma comédia. Na internet o classificaram como drama / comédia. Meu filho Pedro Celso se admirou por essa classificação e achou incrível que a Netflix o houvesse classificado erradamente como comédia. Na minha opinião, não houve erro da Netflix. Eles vendo que a obra de Iñárritu é um total libelo contra a dominação colonialista dos Estados Unidos, e uma obra com extremo senso político, não deixaram de o lançar, mas procurando minimizar a sua dimensão crítica. Não é que ser comédia diminua uma obra, porém no caso procura esconder a visão trágica que existe, embora com tantos risos dos personagens em geral. Se ele fosse classificado como memorialista, ainda seria mais justo, mas certamente ser divulgado como comédia é mais comercial.

Alejandro González Iñárritu é um cineasta mexicano que nasceu em 1963 na Cidade do México. E trabalhou lá, inclusive em rádio como radialista e programador de horários musicais. Mas é nos anos 2000 onde está a sua obra cinematográfica. Um filme dele que vi foi “Amores Brutos”, lançado justamente no ano 2000, e que fez sucesso inclusive fora da produção. Um outro filme que me lembro dele é “Biutiful”, de 2010. Mas Iñárritu tem filmes mais ligados à produção norte-americana, inclusive “O Regresso” com Leonardo DiCaprio. Outro filme dele que não lembro como visto é “Birdman – A inesperada virtude da ignorância”. Enfim, Iñárritu é um grande cineasta, mesmo que tenha dependido em sua produção dos norte-americanos.

Esse recente “Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades” eu o coloco como um glauberiano e ou godardiano pela matreirice de dizer tudo que é preciso, porém sem deixar clara a verdade total que está dizendo como acontece. Ao mesmo tempo, também segue um outro genial cineasta ligado à terra dele, Luis Buñuel. A narrativa principal de Iñárritu se aproxima muito de como narra Buñuel.

Eu nunca estive pessoalmente no México. Mas me sinto muito próximo do México. Por muito que já vi e conheço de lá. Tenho a impressão de que se o México fosse uma parte do Brasil, ele seria do Nordeste pela grandeza cultural e por tanta miséria que sofre.

Olinda, 08. 03. 23

O governo, Lula e o povo

Claro que a conceituação de quem é povo já fez rolar muitos textos e não poéticos e cada intelectual ou que se considera isso fica elaborando em torno desse conceito. Nos anos 50 e 60 do século 20, nós não podíamos falar senão positivamente do povo, pois o Partidão comandado por Prestes obrigava a todos endeusarem o povo. Se o povo dizia alguma besteira, a culpa não era dele e sim dos capitalistas que o educavam em falsos princípios. Claro que eu ainda aceito e sei que o povo não é o culpado, mas de certa forma a partir do século 21 já temos condições para distinguir o que é culpa da burguesia ou não. A natureza comanda grande parte da nossa vida, e se fizermos um pouco mais de esforço, sempre ficaremos menos dominados pelas inteligências ‘artificiais’.

Sem dúvida, o Brasil continua a ser um país ‘divertido’, e onde cada um nunca deixa de ser tocado pela maneira de ser de Macunaíma. Lula tem sido o grande Macunaíma deste século, e tem conseguido mexer positivamente com a realidade brasileira. É importante que acompanhemos os seus passos, e assim vemos como em apenas três meses, enfrentando os maiores empecilhos, já voltaram muitos programas que faziam parte dos dois primeiros governos de Lula. Além de ir para Argentina, Uruguai e Estados Unidos, vai agora para a China. Lula consegue estar em harmonia com os Estados Unidos e com a China, os dois grandes rivais no mundo de hoje.

O povo tem grande expectativa com Lula l Foto: Ricardo Stuckert

Lula continua sendo quem busca retirar o povo da miséria e colocou Haddad para ser o lado capitalista. É Fernando Haddad quem defende os esquemas necessários para dar continuidade ao país que segue o sistema capitalista. Poderia ser Simone Tebet, mas Lula achou que tem que ser Haddad. É o caminho macunaímico, sem dúvida.

E o povo aparenta pelas pesquisas ter cada vez mais medo do comunismo. Esquece que a cada dia o mundo se torna cada vez mais dividido entre princípios capitalistas e princípios comunistas, mesmo que a grande União Soviética tenha sido extinta. A verdade é que aqueles que afirmam não existirem mais direita e esquerda, parecem não saber que o mundo é cada vez mais dominado pelos dois princípios entrelaçados. E assim dentro de alguns anos estaremos cada dia mais envolvidos. E vivendo sem dúvida de forma melhor.

Olinda, 21. 03. 23

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