Bolsonaro é passado, mas o bolsonarismo segue presente

Mesmo fora do poder, o bolsonarismo, infelizmente não morreu

Sem dúvida alguma que todo o campo democrático popular está contente com a vitória de Lula contra o mandrião fascista. Foram 6 anos desde o golpe que derrubou Dilma que nosso povo só se ferrou. Voltar a respirar o ar da liberdade é um alívio para todos que entenderam que esta não era uma eleição qualquer.

Derrotar Bolsonaro com este usando todo o aparato do Estado a seu favor não foi pouca coisa. Se formos pensar nas barreiras criadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Nordeste, por exemplo, não conseguimos nem dimensionar quantos votos na esquerda deixaram de cair por conta desta ação golpista.

O fato concreto é que Bolsonaro está derrotado, mais de 100 países já reconheceram a vitória de Lula, recebendo ainda congratulações do Supremo Tribunal Federal (STF), dos presidentes da Câmara e Senado, além de diversas personalidades, não só do campo político.

Leia também: Confira os números da eleição 2022 que sagrou Lula presidente

Infelizmente, ganhar do principal líder fascistoide do país não é suficiente, seu bando de seguidores lunáticos ainda segue por aí, inclusive tumultuando as rodovias sem a menor lógica, pois não querem reconhecer a derrota nas urnas, algo que sempre aconteceu desde a redemocratização e que nunca teve uma reação em cadeia assim.

Seria ingenuidade imaginar que o ainda presidente, junto com seu grupo de empresários e apoiadores mais próximos não tenham nada com isso, é óbvio que querem tumultuar as coisas tentando criar um “Capitólio” brasileiro, em alusão aos apoiadores de Donald Trump que ficaram alguns dias criando confusão nos EUA por não querer reconhecer o resultado das eleições estadunidenses.

Mesmo fora do poder, o bolsonarismo, infelizmente não morreu, elegeu importantes parlamentares como Mário Frias, Ricardo Salles, Carla Zambelli, sem contar os senadores General Mourão e Damares Alves além, claro, dos filhos de Bolsonaro que seguem nas duas casas.

Isso nos mostra que mesmo derrotados eles ainda respiram, inclusive encontrando ecos na sociedade, como estamos vendo na invasão brasileira do Capitólio. Portanto, nos livrar dessa praga levará tempo e, mais do que isso, precisaremos de uma estratégia muito bem consolidado de frente ampla, já presente na eleição de Lula e que, penso eu, deve dar a tônica no congresso.

Leia também: Lula indica Alckmin para coordenar transição junto ao governo Bolsonaro

O hegemonismo, típico do PT, precisa dar lugar a arranjo de todas as forças democráticas que se somaram para a vitória neste segundo turno. MDB, PSDB, Podemos e Cidadania, que inclusive parecem estar articulando sua fusão, precisam se somar oficialmente a esta coalizão que elegeu Lula.

É preciso termos muito claro que nosso inimigo imediato é o fascismo, isolar os parlamentares bolsonaristas e repactuar o Brasil sobre a égide da Constituição de 1988 será o dever da próxima legislatura, desafio imenso se observarmos o perfil conservador que estas eleições apresentaram na câmara e senado.

A disputa política, que será intensa, precisará também da participação dos movimentos sociais para dar sustentação ao novo governo e frear as tentativas golpistas que tentarão ser articuladas pelos que sobrarem dos fanáticos.

A tarefa para o próximo período será árdua, não basta termos vencido nas urnas, precisamos extirpar de vez o fascismo e trazer novamente a disputa para o campo da política. Afinal, nunca é demais nos lembrarmos que fora da política nos resta a barbárie, e é este nosso adversário maior, pois foi da negação da política que surgiu Bolsonaro e seus asseclas.

Com muita paciência, diálogo e amplitude temos tudo para vencer no próximo período a maior doença política que já vivenciamos desde a redemocratização: o bolsonarismo.

Até a próxima.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor