Câmara: elevado índice de recandidatura

Pelo menos 453 dos 513 deputados, ou 88,3% da composição da Casa, vão tentar a reeleição. Dos 60 restantes, 15 não disputam nenhum cargo, 13 concorrem ao Senado, 11 tentam uma vaga nas assembléias legislativas, 11 disputam o governo estadual, 5 concorrem a vice-governador, 4 a 1º suplente e um a 2º suplente de senador.

Apesar da disposição dos deputados de tentarem a reeleição e das vantagens comparativos de quem é detentor de mandato em relação aos novos postulantes, o índice de renovação da Câmara tende a ser elevado, por várias razões.

A primeira é que 60 dos 513 deputados desistiram de tentar renovar o mandato, o que, por si só, já força uma renovação de 11,3%, mesmo que todos os 453 que tentam novo mandato sejam reeleitos.

A segunda é que a população está indignada com os escândalos, com a improbidade, a falta de decoro e até a prática deslavada de corrupção por parte de alguns deputados, fato que amplia o apelo por renovação.

A terceira é que a média de renovação tem sido elevada nas últimas quatro eleições, em torno de 51%. Em 1990 foi de 62%; em 1994, de 54%; em 1998, de 43% e em 2002, de 46%.

A quarta é que a justiça eleitoral, diferentemente de eleições anteriores, dispõe de instrumentos para cassar o registro daqueles detentores de mandato que abusarem do poder econômico ou se utilizarem da máquina pública na campanha.

A renovação, que se estima próxima de 50%, só não será maior porque: i) não houve renovação das lideranças políticas; ii) muitas pessoas que poderiam dar sua contribuição ao país consideram os custos de imagem muito elevados; iii) os atuais parlamentares que tentam a reeleição levam vantagens, porque têm nome conhecido, cabos eleitorais, financiamento de campanha, estrutura de gabinete, visibilidade, acesso aos veículos de comunicação, entre outras vantagens.