Cara candidata

Meu nome é Regina Abrahão, sou funcionária pública estadual desde 1990, numa das áreas mais críticas do Estado: A FPERGS, parte da extinta Febem, que acolhe crianças e adolescentes em situação de risco e/ou vulnerabilidade. Fui e sou também dirigente sindical, com mandatos desempenhados na base e em entidades.

Minha militância sindical nunca foi baseada no corporativismo cego. Aprendi cedo que defender direitos de trabalhadores é completamente diferente de defender privilégios. Que trabalhadores qualificados e valorizados desempenham melhor suas funções. Que condições de trabalho são essenciais para que o usuário dos serviços públicos receba bom atendimento. E que para isto, a máquina pública tem que receber investimentos.

Seu programa de governo frisa, com insistência, a necessidade de diminuir a máquina pública para cortar gastos. Entretanto, não nomeia quais as secretarias, autarquias, fundações ou órgãos serão atingidos. A senhora também não estipula quais os percentuais serão investidos, onde serão nem quais as áreas prioritárias para seu projeto de governo.

Quando escuto a expressão "inchaço da máquina pública", lembro governos anteriores, como os de Antônio Britto e Yeda Crucius. Do Plano de Demissão Voluntária, da concessão de pedágios que resultaram no total sucateamento da malha rodoviária, do desmantelamento dos serviços de segurança, saúde e educação, causado pelas demissões voluntárias, da extinção da Cohab e outras Fundações estaduais. Do abandono da Reserva Estadual de Itapuã, que chegou a ficar sem guardas florestais, por causa do não pagamento da empresa privada contratada para esta finalidade. Lembro as escolas de latão, tórridas no verão, geladas no inverno. Lembro de lutar arduamente a privatização de Fundações como a fase, das propostas de transformar em Ossips várias outras. No sucateamento do serviço público em geral. E na queda da qualidade dos serviços oferecidos decorrente desta política de minimizar o Público, privilegiar o privado.

E sabe candidata, quem são os maiores atingidos? Pois é justamente a parcela menos favorecida da população, que não pode arcar com planos de saúde, segurança privada, escolas particulares. Trabalhadores para quem o piso regional significa uma grande conquista. Porque pequenos agricultores precisam de apoio para produzir alimentos, que ficaram baratos. E lembro, candidata, que nós, dirigentes de nosso Sindicato, sempre prezamos e cobramos lisura dos trabalhadores públicos, enquanto a senhora inclui, embora sem divulgar, em seu currículo, o lamentável cargo de confiança fantasma do próprio marido, senador biônico indicado pela ditadura militar. Nove mil reais, candidata, que a senhora chama de salariozinho, é o que recebe em um ano o trabalhador comum, que por sinal, trabalha 44 horas semanais.

Teria ainda muitos outros fatos embasando minha decisão de não lhe dar, de forma alguma, meu voto. Mas o argumento definitivo é simples: Voto no melhor para meu Estado, para os milhões de gaúchas e gaúchos. Enfim, candidata, voto por minha consciência, convicção, pelo respeito e amor que tenho pelo Rio Grande do Sul. Voto em Tarso Genro.

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