Chá de flores pálidas

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Coloquei a água para esquentar, enquanto isso fervia a nossa conversa. Alecrim no meio da água e da alegria. O chá esquentava a alma e trazia sorrisos nos olhos.

Tínhamos apenas algumas horas. A conversa parecia estar nos trilhos, apenas de passagem.  Tínhamos umas bagagens nas memórias, algumas eram bem leves, outras pesavam uma vida inteira.  A gente tem sempre uma bagagem pronta que não mostra a ninguém, ou mostra aos poucos.  Bagagem é o que não falta na vida.

As bagagens trazem sonhos, nem sempre. Em uma das minhas bagagens trago castanhas de caju, que plantarei no meio da rua, só para encontrar com a presença e o afeto, no abraço da sombra. Do lado plantarei alecrim, colocarei um tronco para sentar e trocar umas conversas.

O chá pode ser sem os requintes das flores pálidas de tecido e plástico, onde as senhoras não sentam nas sombras dos cajueiros e onde minha bagagem não cabe.

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