China responde provocação dos EUA com cooperação internacional

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Diz-se que os anos 1900 foram o século americano. A assertiva não é tão fiel aos fatos, pois o século 20 foi a época também das revoluções populares e do socialismo, da União Soviética, da bipolaridade e da Guerra Fria.

Decerto, foi o século em que entre os países imperialistas o hegemonismo estadunidense substituiu o britânico, quando os Estados Unidos constituíram o maior poderio político e militar, com o que cometeram crimes de lesa-humanidade, entre estes o uso – impune até hoje – da arma nuclear.  

Foi o século americano no sentido da diplomacia do porrete, do intervencionismo, das políticas de guerra, das bases militares, da Otan como braço armado, das tentativas de exercício de domínio unipolar e unilateralismo, a despeito da existência da ONU e da consagração pela maioria dos países dos princípios do Direito Internacional. 

Foi o século da ameaça americana.

Já os anos 2000 começaram e tendem a decorrer como o século do declínio desse imperialismo, de perda de terreno e fracasso. O século da ilusão americana. 

Isto não significa que já esteja cristalizado um sistema internacional multipolar, que o mundo se desenvolverá isento de conflitos ou que o direito já venceu a força. Menos ainda que já esteja estabelecida a hegemonia da China, até porque não parece que o Partido Comunista, força dirigente daquele Estado socialista, persiga este objetivo.  

Seja como for, os Estados Unidos orientam suas ações políticas, diplomáticas e militares para a luta anti-China, contra a qual propõem agora uma espécie de “frente ampla mundial”, meta inexequível na atual conjuntura, quando se revelam duas concepções e condutas antagônicas em política externa. E quando o mundo já não está disposto a se curvar perante as ameaças americanas.

Esse antagonismo se revela com toda a nitidez em meio à pandemia da covid-19. Neste domingo (17), na tentativa de fazer valer sua vontade imperial, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou que “o mundo deve se unir” para obrigar a China a pagar “os danos causados pela covid-19”.

O chefe da diplomacia americana insiste na surrada tese de que a China deve compensar os Estados Unidos e o mundo pelos danos que a pandemia causou à economia mundial: “o mundo deve impor o pagamento de custos à China” pelo coronavírus, disse Pompeo, que busca respaldar sua proposta em acusações infundadas: “sabemos que o vírus se originou em Wuhan” e que “o Partido Comunista Chinês foi implacável em nos negar a capacidade de determinar exatamente onde”. Pompeo afirma ainda que a China não informou a OMS em tempo hábil sobre o surto do novo coronavírus, “permanecendo calada sobre a magnitude da pandemia” e sonegando informações necessárias às pesquisas dos cientistas americanos.

A China já tinha dado uma resposta à altura a essas acusações infundadas. Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores da nação asiática publicou um artigo de 30 páginas refutando as “24 acusações absurdas” dos Estados Unidos. 

Tudo indica que o governo de Donald Trump busca fora de suas fronteiras os pretextos para encobrir seu próprio fracasso no combate à covid-19 em seu território, onde a pandemia assume todas as características de crise humanitária. Em ano eleitoral, o inquilino da Casa Branca necessita de um apelo “nacionalista” renovado. O slogan “America first” já parece surrado e necessita do complemento de um inimigo externo a combater. 

Mas a China não está disposta a ser o bode expiatório de Trump. Nesta segunda-feira, a resposta assertiva do presidente chinês Xi Jinping lançou a pá de cal sobre as pretensões dos EUA de criar a “frente mundial” anti-China. Em pronunciamento perante a 73ª Assembleia Mundial da Organização Mundial de Saúde (OMS), o líder comunista assumiu o compromisso de tornar “um bem público mundial” uma eventual vacina fabricada na China contra a covid-19 e dedicar US$ 2 bilhões em dois anos à luta global contra a enfermidade. 

Uma lição na prática sobre o significado da política de desenvolvimento compartilhado formulada e aplicada pelo governo chinês. 

O sonho americano de mandar no mundo esboroa-se ante a força dos fatos e a inelutabilidade das atuais tendências. Tudo indica que será em torno da China e não do imperialismo estadunidense que poderá ser formada uma frente de países, sob a bandeira da paz e da cooperação internacional. 

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