Cinismo & Democracia

Joseph Goebbels, chefe da propaganda nazista, ensinava aos seus asseclas que se eles repetissem uma mentira mil vezes que ela se tornaria verdade. Até hoje essa lógica macabra é seguida à risca por boa parte dos “meios de comunicação” ao redor do mundo. Os exemplos são abundantes.

Para “justificar” a invasão e a conseqüente pilhagem do petróleo iraquiano, a imprensa americana fez o mundo acreditar que o Iraque tinha um arsenal de armas químicas e biológicas.

Durante a guerra da Bósnia, o fuzilamento de sete mil inocentes em Sebrenica foi “vendido” pela imprensa européia como uma ação em defesa da paz.
O terrorista Luis Posada Carriles, que matou 73 pessoas na explosão de um avião cubano em 1976, passeia livremente pelos Estados Unidos, sob a proteção e o acobertamento de um governo e uma imprensa que diariamente falam de sua “cruzada” contra o terrorismo (?!!).

A revista Veja desta semana entrevistou o empresário Marcel Granier, dono da emissora RCTV, cuja licença não foi renovada na Venezuela. Ele denuncia a falta de “liberdade de expressão” no seu país e faz apologia à democracia. Fala de tudo, menos do golpe de estado que ele e sua emissora patrocinaram, com apoio da CIA, contra o presidente Hugo Chavez, que acabara de ser eleito e reeleito pela vontade soberana do povo venezuelano. Isto sim, um verdadeiro atentado a liberdade de expressão do povo.

A RCTV não foi cassada. Sua licença não foi renovada pela sua atitude golpista. Por bem menos do que isso emissoras foram lacradas no Canadá, Espanha, França, Inglaterra, Irlanda e, principalmente, nos Estados Unidos, que já lacraram 141 emissoras de rádio e televisão.

Certamente o nosso zeloso senado não tomou conhecimento desses “atentados à liberdade de imprensa”, assim como não deve ter tomado conhecimento das dezenas de rádios, comunitárias ou não, que anualmente são fechadas no Brasil por não se “adequarem” á legislação, feita sob encomenda para assegurar que apenas os grandes possam sobreviver.