Como prega Francisco, não sejamos ingênuos

Ao tempo em que o novo papa, Francisco, ocupa espaços da mídia, que destaca costumes tidos como simpáticos seus, como o uso de transporte público, pessoas de consciência e que desejam o progresso humano se preocupam com os aspectos retrógrados de seus posicionamentos e pronunciamentos. Mas, em verdade vos digo, ele está coerente com a doutrina bíblica.

                                                            Francisco: mulheres ineptas para o poder
                             

Quando a Argentina discutia a validade legal do casamento entre homossexuais, o atual papa vociferou: "Não sejamos ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é um ataque destrutivo ao plano de Deus". Para ele, Deus tem um plano, mas não é todo poderoso, pois sofreu um ataque destrutivo. Mas Jorge Mario Bergoglio, que agora trocou o nome para Francisco, foi assim doutrinado quando seminarista:

“Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação” (Levítico, 18:22). “Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa”. (Levítico, 20:13).

Na questão das mulheres e o poder, porém, ele optou somente pela parte com que se identifica da Bíblia. Em 4 de junho de 2007, em Buenos Aires, o então cardeal Jorge Bergoglio afirmou que "as mulheres são naturalmente ineptas para exercer cargos políticos", referindo-se à candidatura presidencial de Cristina Fernández de Kirchner. "A ordem natural e os fatos nos ensinam que o homem é o ser político por excelência; as Escrituras nos demonstram que a mulher sempre é o apoio do homem pensador e realizador, porém nada mais que isso". Sua intervenção política reacionária foi além: "temos que ter memória; tivemos uma mulher como presidente da nação e todos sabemos o que se passou", aludindo à ex-presidenta Estela Maria Martínez de Perón.

É verdade que o Antigo Testamento apresenta a organização religiosa judia semelhante à organização patriarcal das tribos israelitas. Mas quando Israel existia como uma federação de tribos, na época pré-monárquica, o livro Juízes registra uma mulher liderando os homens (4: 4-9) “Naquela época, a profetisa Débora mulher de Lapidot, era juíza em Israel. Sentava-se sob a palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na montanha de Efraim, e os israelitas iam ter com ela para que julgasse suas questões.

Ela mandou chamar Barac, filho de Abinoem, de Cedes em Neftali, e disse-lhe: Eis o que te ordena o Senhor, Deus de Israel: vai ao monte Tabor; toma contigo dez mil homens dos filhos de Neftali e de Zabulon. Quando estiveres na torrente de Cison, conduzir-te-ei Sísara, chefe do exército de Jabin, com seus carros e suas tropas, e to entregarei. Barac respondeu-lhe: Se vieres comigo, irei; mas se não quiseres vir comigo, não irei. Sim, disse ela, irei contigo; mas a glória da expedição não será tua, porque o Senhor entregará Sísara nas mãos de uma mulher. E Débora foi com Barac a Cedes”.

Mas depois que o poder se concentrou na monarquia e no templo, a mulher deixou de ocupar postos nas instituições políticas e religiosas e só entrava na história oficial como rainha mãe ou esposa do rei ou do sacerdote – onde, ao que tudo indica, o papa quer relegá-la.

Marginalmente, contudo, no próprio Antigo Testamento algumas mulheres também aparecem como porta-vozes de Deus, como nesta passagem de II Reis 22: 14-17: “O sacerdote Helcias, Aicão, Acobor, Safã e Azarias foram ter com a profetisa Holda (…). Ela habitava em Jerusalém, no segundo quarteirão. Quando eles lhe falaram, ela respondeu: Eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: Dizei àquele que vos mandou ter comigo: Assim fala o Senhor: Vou mandar a calamidade sobre esse lugar e sobre os seus habitantes, conforme todas as ameaças do livro que o rei de Judá leu, porque eles me abandonaram e queimaram incenso a deuses estrangeiros, irritando-me com a sua conduta; minha indignação inflamou-se contra essa terra, e não se extinguirá mais”. Deus ciumento e vingativo, não?

Mas é assim que está escrito. Assim foi ensinado ao atual papa, que assim prega em nome de Deus.

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