Crise ambiental: Qual a alternativa ao protocolo de Kyoto?

Que o mundo vive uma crise ambiental já não há mais dúvidas. É uma crise tão grave quanto a própria crise do capitalismo, cujas conseqüências estão à vista. Mas não há clareza coletiva de quem são os responsáveis e a que mecanismos se deve recorrer para reverter ou impedir que essa tragédia ambiental se alastre.

Em parte esse desconhecimento decorre da falta de informações corretas sobre um episódio para o qual concorrem milhares de fenômenos e pela forma tendenciosa como o imperialismo apresenta o problema, inclusive procurando responsabilizar o uso da Amazônia por essa tragédia, quando se sabe que a Amazônia é responsável pela limpeza e não pela poluição do meio ambiente.

A ciência aceita como razoável que 01 ha de floresta seqüestra uma tonelada de CO2. A floresta amazônica brasileira elimina, portanto, 350 milhões de toneladas de gás carbônico do planeta. Se eventualmente emite 150 milhões pelas queimadas, o saldo é de 200 milhões. A Amazônia limpa o meio ambiente. Quem polui são os ricos.

A crise ambiental não decorre de um fato isolado. Resulta, efetivamente, de milhares de fenômenos. Mas, inquestionavelmente, a emissão de gases de efeito estufa está entre os fenômenos de maior impacto no agravamento dessa crise.

A emissão de gases de efeito estufa, especialmente gás carbônico (CO2), decorre principalmente do intensivo e poluente processo industrial, da emissão de bilhões de
automóveis, do uso intensivo dos solos e das queimadas florestais.

Como se pode ver, uma responsabilidade essencialmente dos países ricos, a exceção das queimadas florestais contemporâneas, na medida em que eles já não têm mais cobertura florestal pelo uso predatório no passado.

Se os países ricos não reduzirem as suas emissões o caos ambiental será algo consumado. Tecnologia para isso existe. Mas ainda é cara e diminui a lucratividade das indústrias, o que evidentemente não é aceitável pela lógica de produção capitalista. Uma nova sociedade socialista onde o lucro não seja a premissa poderá encontrar uma solução adequada. Nos marcos do capitalismo o impasse persistirá.

Diante desse impasse vários países do mundo celebraram o protocolo de Kyoto, pelo qual os países ricos reduziriam suas emissões e ajudariam os demais através dos MDL – mecanismo de desenvolvimento limpo.

O MDL era um escapismo. Permitia que os países ricos compensassem a sua poluição com a limpeza no país dos outros. Mas nem isso funcionou adequadamente quanto mais a redução preconizada dos ricos. O caos se ampliou.

Entre os mecanismos de desenvolvimento limpo não estava a preservação de florestas originais e sim a regeneração das áreas degradadas. Em parte isso não foi contemplado pela própria resistência dos países em desenvolvimento, com destaque para o Brasil. A ponderação brasileira decorria da compreensão de que isso poderia condicionar o desenvolvimento nacional. Sem aspectos de soberania.

As preocupações brasileiras não eram infundadas. Devem ser retomadas e analisadas a luz da realidade, especialmente quando se discute um novo pacto em substituição ao protocolo de Kyoto, a ser aprovado na reunião de Copenhagen.

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