Crise Ambiental: tecnologia como “saída”

A natureza tem manifestado fenômenos extremos em diversas partes do mundo. É uma evidência de que o planeta vive uma crise ambiental, cujos principais responsáveis são os países industrializados e não países “emergentes” como o Brasil.

Soluções existem. A redução de emissão de “gases de efeito estufa”, principalmente o CO2, pode ser feita com a adoção de manejo produtivo apropriado e incremento tecnológico. Não é necessário parar o crescimento econômico e muito menos tornar a Amazônia um “santuário” como pretende determinadas concepções ideológicas de matriz imperialista.

É preciso, porém, se compreender que esse é um debate muito mais de natureza econômica, política e ideológica do que propriamente tecnológica.

Existem centenas de tecnologias disponíveis para reduzir drasticamente o nível de poluição ambiental de carros, aviões, indústrias e mesmo da produção de alimentos, aí incluídos as atividades agrícola, pecuária, florestal e piscicultura.

Os países capitalistas industrializados, dentre os quais se destaca os Estados Unidos como o maior poluidor mundial, resistem em adotar essas tecnologias porque elas exigem a aquisição de novos equipamentos e, conseqüentemente, reduzem à margem de lucro deles.

Eles preferem a adoção do chamado “mecanismo de desenvolvimento limpo”, pelo qual podem praticar a redução de CO2 em outros países mediante o financiamento de atividades “limpas”.
Concomitantemente pressionam os países emergentes, em especial China, Brasil, Índia e África do Sul a reduzirem suas emissões como condição “sine qua non” para eventualmente se comprometerem com metas de redução de poluição.

Por outro lado, alguns recursos tecnológicos disponíveis e até economicamente mais baratos do que os atualmente praticados, não são utilizados por conta de concepções avessas ao desenvolvimento e por motivação ideológica.

No caso específico da Amazônia essa situação é exacerbada. De um lado a idéia de que recurso tecnológico é privativo do agronegócio, do grande produtor; do outro a matriz ideológica expressa na “teoria do bloqueio” que advoga a intocabilidade da Amazônia. As duas concepções combinadas são responsáveis em parte pelo agravamento e não pela redução de emissão de CO2 como muitos talvez acreditem.

A mecanização de áreas degradadas permitiria dobrar a produção de alimentos na mesma área cultivada, evitando desmatamento e aumentando a renda do trabalhador; o uso de pastejo rotacionado e/ou criação de gado confinado são tecnologias disponíveis. Esbarram na visão preconceituosa, que beira ao fundamentalismo, de que agricultor familiar não deve ganhar dinheiro, melhorar de vida, apenas praticar a subsistência.

E um dos exemplos mais graves disso é na piscicultura. A criação de peixes na Amazônia pode transformar essa região numa grande produtora de alimentos para o mundo, sem fazer pesca predatória ou sobre-pesca, especialmente considerando a grande quantidade de lagos e igarapés que existem na Amazônia.

Mas, por mais absurdo que possa parecer, a dificuldade para obter uma licença ambiental para criar peixe em leito de igarapé é muito mais difícil e – pasmem! – quase proibitiva do ponto de vista financeiro. Custa algo como 20 mil reais a licença para licenciar o manejo de um pequeno igarapé. A solução que o piscicultor encontra é fazer piscicultura em tanques escavados. Caro e extremamente predatória.

Aqui a “barreira” é de natureza ideológica, responde a lógica do bloqueio da região. E o meio ambiente é quem paga a conta.

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