Defesa e contra-ataque: Projeto Brasil

Um amigo costuma dizer que a melhor de todas as ocupações é a de comentarista de futebol. Só erra se for bobo. Tem sempre o argumento certo para qualquer situação.

 

Veja bem – diz ele – se o Sport está na ofensiva, pressiona em busca do gol, prestes a romper a retranca do Santa Cruz, o comentarista dirá:

– Pelo visto, senhores, os rubro-negros estão na bica para liquidar a fatura, pois só faz gol quem ataca. Os tricolores, na defensiva, serão inapelavelmente derrotados!

Aí o Santa Cruz, que só se defendia, num rápido contra-ataque, faz o gol decisivo e vence. O comentarista, esperto, não se faz de rogado:

– Mas estava na cara! O Sport atacou mas não conquistou o gol. No futebol, meus amigos, quem não faz, leva. O Santa, numa tática muito mais competente, resistiu, aguardou a melhor oportunidade e vazou a meta adversária. Venceu merecidamente!

E o ouvinte se dará por satisfeito, convencido de que o comentarista realmente entende do riscado.

O fato é que o contra-ataque é sempre salutar – na vida e na política, como no futebol. Não basta se defender, é preciso preparar a contra-ofensiva.

Na atual conjuntura política, as oposições – da direita golpista capitaneada pelo PSDB, à “esquerda” inconseqüente, tipo PSOL e PSTU – com amplo apoio da mídia, aumentam o cerco contra o governo Lula. O alvo é o presidente, que precisa ser enfraquecido a ponto de perder as eleições. Volta a ameaça de impeachment, brandida em dueto pelo fascista Bornhausen, do PFL e pelo tresloucado Roberto Freire, do PPS.

Que fazer? “A melhor defesa é o ataque; quem não faz, leva”, recomendaria o esperto comentarista. E é o que farão os movimentos sociais organizados, conforme decisão anunciada no encerramento do II Fórum Social Brasileiro, no Recife, sábado último. Muito sugestivamente empunhando a consigna “Pelo avanço das mudanças, contra a volta da direita neoliberal”. A idéia, corroborada em reunião ocorrida terça-feira, em São Paulo, entre a Coordenação dos Movimentos Sociais e as direções nacionais do PT, PCdoB e PSB, ganhará concretude através de um calendário de manifestações que se iniciarão no próximo 1º de Maio, com o lançamento do "Projeto Brasil", uma plataforma de unidade calcada na defesa do desenvolvimento nacional soberano, democrático, com distribuição de renda e valorização do trabalho. (Acesse o Vermelho www.vermelho.org.br e clique no ícone Movimentos para ler a Carta do Recife-Projeto Brasil).
A julgar pelas últimas pesquisas, que revelam uma tendência crescente dos índices de aprovação do governo e de apoio à reeleição do presidente situada precisamente nas camadas populares, o apelo às ruas faz sentido e tem base social muito concreta. Se ganhar a dimensão desejada, pode desempatar o jogo, surpreendendo a poderosa falange neoliberal, prenhe de agressividade e carente de apoio popular.

Afinal, igualzinho ao futebol, na luta política quando a situação é difícil a melhor arma é mesmo o contra-ataque.

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