Desafio amazônico
Os dados oficiais registram que nos últimos 10 anos ocorreram 34 acidentes na selva amazônica nos quais 78 pessoas perderam a vida e 63 conseguiram sobreviver. A última tragédia ocorreu no dia 13 de maio e ceifou a vida do piloto, da secretária de Educação do Amazonas e outros cinco servidores.
Publicado 18/05/2010 01:10
Pois, de fato, sobreviver à selva amazônica não é tarefa das mais simples.
As pragas tropicais, como malária, leishmaniose, dentre outras, representam os obstáculos mais simples de serem superados. Os botes traiçoeiros de animais selvagens, como cobras, onças e jacarés são obstáculos para os quais geralmente não há defesa previsível. Assim como as gigantescas arvores que vem ao chão durante as tempestades esmagando o que estiver no seu trajeto, inclusive humanos.
Os acidentes de barcos – principal meio de transporte da região – são responsáveis por centenas de mortes e já foram tristemente documentados por todos os meios de comunicação nacional. E os riscos do transporte aéreo encerram essa série de obstáculos à sobrevivência na Amazônia, seja na selva ou nas cidades.
Aeroportos precários, carência de apoio aeronáutico, aviões nem sempre em condições adequadas de uso e as necessidades objetivas de se vencer o mais rapidamente possível as longas distâncias da Amazônia fazem com que, todos os dias, dezenas de profissionais, empresários e políticos subam em pequenas aeronaves para mais uma aventura sobre as densas florestas da região.
Os dados oficiais registram que nos últimos 10 anos ocorreram 34 acidentes na selva amazônica nos quais 78 pessoas perderam a vida e 63 conseguiram sobreviver.
A última tragédia ocorreu no dia 13 de maio e ceifou a vida de todos os que estavam a bordo do avião Sêneca 2, prefixo PT–EUJ, modelo MB-810 C, um Taxi Aéreo de propriedade da empresa CTA, com 31 anos de uso. Isso mesmo: 31 anos!
O pequeno avião decolou do aéreo clube de Manaus em direção ao município de Maués, no baixo amazonas. Alguns minutos depois o piloto se comunicou com a torre que estava retornando ao aeroporto, mas, infelizmente, não conseguiu retornar. O velho avião se espatifou sobre a cidade de Manaus, numa área densamente povoada e só a perícia do piloto conseguiu evitar uma tragédia ainda maior.
Com o choque o avião explodiu e os seus passageiros não tiveram qualquer chance de sobrevivência. Dentre as vítimas, além do próprio piloto Miguel Vaspeano Lepeco, estavam a Secretária de Estado da Educação, Cinthia Régia, e 05 assessores da Secretaria: Karla Patrícia Barros de Azevedo, Eliana Socorro Pacheco Braga, Maria Suely Costa Silva e Marivaldo Couteiro Oliveira.
O piloto Miguel Vaspeano Lepeco – cujo nome “vaspeano” decorre do fato de ter nascido dentro de um avião da extinta VASP – era um piloto experiente e já havia passado por várias situações semelhantes e em todas elas conseguiu sobreviver. Encontrou a morte fazendo o que mais gostava de fazer: pilotar!
O governador do estado, Omar Aziz, em respeito às vítimas e ao muito que fizeram pelo estado, especialmente pela educação, decretou luto oficial de 03 dias.
E nós rendemos as nossas homenagens à memória de todos aqueles que tombaram cumprindo o seu dever com paixão e amor.