Difícil conduta tática

A gente aprende desde os primeiros passos na luta do povo – o PCdoB ensina – alguns postulados básicos da boa conduta tática, porém nem sempre é fácil praticá-los.

Definir com clareza o objetivo principal. Considerar os obstáculos visíveis e hipotéticos. Avaliar a correlação de forças. Medir cuidadosamente nossas forças para ter idéia clara do tamanho dos passos a dar a cada instante. Na relação com o aliado, combinar unidade e luta, busca incessante do consenso sem recusar a polêmica toda vez que necessária. Nunca se deixar diluir na aliança, conservar a própria identidade, a autonomia e a independência política.


 


 


Pois bem. Nosso objetivo principal estava bem definido, juntamente com o aliado. Clareza absoluta, unidade sólida.


 


 


Daí a facilidade com que identificamos o caminho menos sinuoso e mais adequado para contornarmos obstáculos e dificuldades.


 


Mas o aliado nos surpreende com manobras arriscadas. Ora faz uma flexão à esquerda – e nós o seguimos no intuito de convencê-lo a retomar o caminho traçado; ora pende para a direita; pára, mostra-se indeciso, ameaça voltar ao ponto inicial e em seguida torna a avançar – e nós o acompanhamos com todo o cuidado para não contrariá-lo, na esperança de corrigir o desvio (uma desavença, nesse caso, pode resultar em inoportuno conflito).


 


Ele pára novamente. Examina o ambiente, procurando situar-se no tempo e no espaço, quem sabe atento à correlação de forças. Afinal, é preciso medir cada passo, nem ousar em demasia, nem tampouco ficar aquém das possibilidades.


 


Unidade e luta. Não somos obrigados a seguir o aliado compulsoriamente, é preciso resistir às suas arriscadas manobras, evitar a repetição de desvios. A um comunista jamais é dado o direito de seguir a reboque de quem quer que seja. Aliados, sim; porém cada um com a sua cor, seus princípios, seu programa próprio. Por isso a aliança jamais se apresenta cinza, há que ser sempre multicolor. Viva.


 


Seguimos adiante. Após breve interregno, a porfia prossegue. Porém o aliado realiza um recuo substancial, quase retornando ao ponto de partida. Recuamos com ele e procuramos convencê-lo a retomar a rota menos difícil, mirando o objetivo tático. Ele cede, com alguma relutância.


 


Agora os obstáculos são muitos. Há pessoas e coisas no caminho, aparentemente a multidão resiste ao nosso avanço. Mas é preciso seguir em frente, com determinação, habilidade e ousadia. A vitória está próxima, agora temos que ser firmes e inflexíveis – para não nos desviarmos da rota.


 


O aliado nos segue sem resistências. Para ele o objetivo tático também se tornou visível e muito próximo. Prosseguimos.


 


Vencemos! Podemos, enfim, pisar o primeiro degrau da escada rolante – a concretização do objetivo alcançado.


 


Imagine você como é duro manter uma conduta tática correta quando se tem como aliado um cidadão como o pequenino Miguel, neto do autor dessas linhas, de apenas um ano e seis meses, tendo como campo de batalha o movimentado espaço do primeiro piso do Shopping Center Recife. Barra pesada.


 

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