Ela preparou tudo

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A mesa estava colorida. Ela preparou a composição de cores e formas com afinco. Diversidade de sabores preencheu a extensão da mesa. Um banquete verde, arrumadinho que dava até receio de decompor. Folhas de todos tipos: alface, acelga, almeirão, agrião, couve e repolho. Tinha também chuchu, beterraba, quiabo, pepino. Uma pratada de pequi, vários pratos de intenso cheiro de cebola e pimentão, pedaços multicolores de cebola e pimentão lembravam as pinturas de Pollock.

Passou a manhã toda esculpindo e compondo com verduras, legumes e frutos, tudo ao seu gosto.  Ela era a artista da manhã preparando versos de sabores para partilhar com o amado. Partilhar o momento de comer, às vezes, é como um desses beijos que trepidam a respiração ou dessas lembranças que nos enche os olhos de purpurina.     

Meio dia e meio, a fome já estrangulava as forças e os pensamentos. A mesa e ela estavam impecáveis. Ela só esqueceu de combinar com o amado, que detestava verduras e legumes e que tinha ânsia de vômito ao encontrar com os pimentões.

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