Enquanto todos partem

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São sons do ir. O avião ronca invisível lá no alto e segue rumo ao norte, quem sabe ao sul, não importa, ele parte. Um som longo até que encontre a barreira de uma nuvem e então, silencia. Cá fiquei e posso ouvir. Outro motor ronca na estrada, ecoando finitamente até que se perca nalguma curva. E na rua, logo ali ao lado, mais sons do ir, em outros roncos mecânicos que em ondas se vão. Todos eles se revezam, partindo, enquanto fico a ouvir. São sons que me entristecem mais que os pingos de chuva [solidários batucam meu coração no telhado]. São sons que partem meu coração. Não porque partem, mas porque partem sem mim…

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