Escalada Desestabilizadora

O Mercosul transforma-se em uma realidade e a integração multilateral dos países caminha a passos largos. O que implica em um processo intenso de fortalecimento das economias regionais, de cooperação científica, cultural, tecnológica, educacional etc.
Esse sonho tão acalentado historicamente, muitas vezes abortado, que exigiu um extraordinário esforço diplomático, uma obra de engenharia geopolítica, cujos frutos não estão maduros, ao contrário, materializou-se enfrentando forças contrárias poderosas, especialmente aquelas que propugnavam pela inserção do continente sul-americano na Alca, a Área de Livre Comércio das Américas, idealizada pelos EUA.
O Brasil jogou um papel de destacada liderança na defesa da criação do Mercosul, investiu o seu prestígio de nação continental, da 9ª economia mundial em expansão, além da acumulada experiência do Itamaraty, no futuro da união dos países sul-americanos, na unidade dessa extraordinária e rica junção de povos em fazimento, como declarou Darcy Ribeiro.

Unidade que se baseia no respeito mútuo, na integridade territorial de cada nação que compõe o Mercosul, no respeito ao desenvolvimento sustentável de cada um deles, preservando o caráter cultural que conforma a identidade indeclinável dos Estados regionais da América do Sul, acentuando o espírito de cooperação e solidariedade comum a todos.

Mas para a vitória desse projeto, torna-se fundamental que três condições estejam presentes: a estabilidade político-institucional da região, a estabilidade somada ao desenvolvimento econômico, e a estabilidade social.

Porém, os recentes acontecimentos na Bolívia podem provocar uma grave crise com conseqüências no Mercosul. São claros os sinais de que várias ações estão sendo insufladas de fora para dentro do continente. Os Estados Unidos estão sendo acusados de atos de sabotagem e a desestabilização em curso assemelha-se àquela, sangrenta, que derrubou o presidente Allende no Chile. É hora de firmeza política, diplomacia e solidariedade à Bolívia.