Esquerda que é esquerda de verdade vota Lula
Nesta circunstância, de oportunidade real da continuidade da luta por mudanças, com a reeleição de Lula, mas de risco, também, real de retrocesso com a eleição de Alckmin que decisão deve tomar uma pessoa ou uma organização social ou política que se apres
Publicado 11/10/2006 10:20
A agressividade de Alckmin no debate numa rede de TV, na noite do último dia 8, se por um lado evidencia o desespero de um candidato cotado para perder, por outro deixa claro a determinação e a ânsia da direita neoliberal de reconquistar, a qualquer preço, o governo da República. O segundo turno é breve e longo. Há tempo bastante para novas manipulações e golpes da oposição conservadora e de seus meios de comunicação.
Nesta circunstância, de oportunidade real da continuidade da luta por mudanças, com a reeleição de Lula, mas de risco, também, real de retrocesso com a eleição de Alckmin que decisão deve tomar uma pessoa ou uma organização social ou política que se apresenta defensora dos direitos do povo, dos interesses do país, e integrante da esquerda brasileira?
No caso concreto, não há terceira margem. Esquerda que é esquerda não cruza os braços nem muito menos ''colabora'' com ascensão da direita, sobretudo, quando a direita é essa, da pior espécie, essa que se chama PSDB e PFL, que se chama Geraldo Alckmin.
Esquerda que é esquerda não se omite, não tergiversa, não mete a cabeça num buraco feito avestruz ante o país em perigo. Esquerda que é esquerda vota Lula porque tem consciência de que não é retórica afirmar que o país está em perigo. A eleição de Alckmin seria a volta de FHC. E o retorno do PSDB e do PFL é a volta das privatizações, é a volta do corte de direitos dos trabalhadores. Querem voltar para ''ressuscitar' a Alca e enterrar o projeto de integração solidária com os países da América Latina. Querem voltar para ''completar o serviço'': vão mutilar a democracia e tratar a luta popular e os movimentos sociais como ''caso de polícia''.
É exagero esse diagnóstico? Esquerda que é esquerda sabe que não, pois junto com o povo sentiu tudo isso na carne e na alma. Numa hora dessas como se calar, então?
A esquerda luta, pensa, cria, elabora, tem história e no seu âmbito há diferenças, divergências, de projetos, rumos, caminhos. Evidência mais recente é que no primeiro turno ela teve mais de um candidato à presidência da República. Pois bem, o povo fez sua escolha: Lula disputa com a direita neoliberal o segundo turno. As diferenças e divergências continuam, mas esquerda que é esquerda sabe que agora seus compromissos com os trabalhadores e com o Brasil exigem uma convergência, e essa convergência é imperativa: é preciso barrar o retrocesso, é preciso impedir o retorno da direita neoliberal. E só há um caminho para isso: votar em Lula.
Pregar o voto nulo, ou, dizer, demagogicamente, que o eleitor é ''livre para votar'', resulta, independentemente da intenção de quem o faz, em ajudar o candidato da direita.
Esquerda que merece esse nome não deixa o povo, os trabalhadores, na ''chapada''. E o que disseram as urnas, o que teorizam os analistas, os que dizem as pesquisas, o que dizem as fábricas, o assentamentos, universidades, igrejas, bares, avenidas e os becos é que povo quer Lula.
Há os equivocados. Mas, felizmente a tomada de decisão de vários movimentos sociais, de lideranças partidárias e sindicais, intelectuais, cientistas, artistas, confirmam outra vez que o Brasil tem uma esquerda que merece esse nome. Ela está se reagrupando e seus militantes assumindo seus postos. Ziraldo, Niemeyer, pregam o voto em Lula. Lideranças do PDT, do PSOL, da maneira que podem, indicam o voto em Lula. O MST já deu seu grito e agrega-se a UNE, a CUT,a Conam e outras entidades e movimentos sociais para lutar contra o retrocesso neoliberal e pela reeleição de Lula.
Esquerda que é esquerda de verdade mantém suas convicções, seus projetos, sua independência, suas críticas, suas decepções, mas jamais vacila quando o que está em risco é o presente e o futuro do Brasil e de seu povo.