Formação de formadores

Dificilmente encontraremos um dirigente sindical que diga abertamente que formação sindical não é fundamental. Quase todos afirmam com toda ênfase, que os sindicalistas precisam participar do processo de formação envolvendo desde as questões técnicas, par

 


 


 


No entanto, tenho também observado que algumas entidades têm buscado com maior intensidade, realizar cursos, seminários, palestras, planejar estrategicamente suas ações e organizar departamentos que cuidem especificamente do processo de formação. Penso que se trata de uma tendência decorrente da necessidade que o movimento sindical tem de enfrentar os grandes desafios provenientes do avanço do neoliberalismo, da reestruturação produtiva e das novas técnicas gerenciais. E como enfrentá-los sem conhecer mais profundamente todo o mecanismo de exploração montado pelo sistema capitalista? Como enfrentar as profundas mudanças que atingem fortemente a materialidade e a subjetividade da classe? Esses desafios constantes impõem aos dirigentes sindicais, se quiserem ser bem sucedidos, a necessidade da reflexão, do estudo, dos debates, da participação em cursos e de atuar de forma planejada.


 


 


Por outro lado, na medida em que cresce a demanda por atividades de formação, cresce também a necessidade de termos formadores com condições adequadas para transmitir conhecimentos históricos, econômicos, políticos, e sociológicos. Por isso, o Centro de Estudos Sindicais-CES, presidido por Gilda Almeida, e a Secretaria de Formação e Cultura da CTB, coordenada por Celina Areas, realizaram em janeiro de 2009 o 1º Curso Nacional de Formação de Formadores. Durante 5 dias, 35 sindicalistas de 14 Estados brasileiros-a maioria deles indicada pelas CTBs Estaduais-estiveram reunidos em Itapecerica da Serra, SP, para se capacitarem a ministrar aulas em cursos de formação a serem realizados pelo Brasil afora. As CTBs Estaduais indicaram companheiros e companheiras capacitados e com o compromisso de assumir a responsabilidade da condução de aulas, principalmente em seus respectivos Estados.


 


 


Trata-se de uma experiência piloto que inclui, por um lado, metodologia e técnicas pedagógicas, e por outro, conteúdos relativos a temas fundamentais, tais como Transformações no Mundo do Trabalho apresentado pelo Jornalista Altamiro Borges e Método Dialético e Análise da Realidade, desenvolvido pela Professora Madalena Guasco. Em relação às técnicas pedagógicas, três professores com larga experiência na profissão, foram os responsáveis pelas aulas: Roselene dos Anjos discorreu sobre análise de textos e seqüência didática, Liliana Lima sobre dinâmica de grupo e Arnaldo Lemos Filho sobre a utilização de filmes em sala de aula. Todos os alunos participaram de reuniões de grupo com o objetivo de elaborar uma seqüência didática que posteriormente foi apresentada e debatida. No final, cada participante se responsabilizou pelo estudo de temas que compõem o currículo básico do CES: Origem e Papel dos Sindicatos e História do Movimento Sindical Brasileiro; Concepções Sindicais; Transformações no Mundo do Trabalho e Análise de Conjuntura: como fazer.


 


 


O convênio CES-CTB prevê para o primeiro semestre desse ano, a realização de cursos em vários Estados, cuja programação inclui os temas referidos. Para esses cursos já contaremos, na condição de formador, com alguns destes participantes. A necessidade de multiplicar o número de formadores é um indicador importante do crescimento da importância da formação, na consciência e prática dos dirigentes sindicais. Através de um grupo virtual, continuamos o processo de comunicação entre os participantes do curso. Pretendemos que essa continuidade se estenda por muito tempo para que as experiências, as pesquisas, os estudos, as avaliações dos cursos ministrados sejam compartilhadas entre todos. Há entre os participantes do 1º curso o firme propósito, daqui a um ano, de realizarmos o 2º Curso Nacional de Formação de Formadores!

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