Furor heróico

No dia 14 de março de 1979, os metalúrgicos do ABC entraram em greve. No dia 22, no estádio de Vila Euclides, Lula submeteu a uma assembleia de 90 mil trabalhadores um documento assinado por representantes dos patrões e dos trabalhadores prevendo a volta ao trabalho e a constituição de uma comissão tripartite para estudar, num prazo de 45 dias, um acordo que pusesse fim ao movimento grevista. O documento foi rejeitado e os sindicatos dos metalúrgicos do ABC sofreram intervenção federal.

Decretada a intervenção, Lula foi afastado da direção da greve e Vila Euclides ficou interditado. Em nova assembleia realizada no dia 27, no Paço Municipal de São Bernardo, foi decidida a suspensão da greve e a volta ao trabalho.

Terminados os 45 dias do prazo para as negociações o sindicato continuava sob intervenção e o acordo firmado entre patrões e empregados não estava sendo considerado satisfatório pelos trabalhadores. Na assembleia realizada dia 13 de maio em Vila Euclides, os trabalhadores decidiram, por proposta do próprio Lula, não entrar novamente em greve.

Vamos ouvir com atenção as últimas palavras de Lula em seu discurso:

“Gostaria de pedir aos trabalhadores, se quiser me dar um voto de confiança e à diretoria do sindicato: é que aprovassem esse acordo que é péssimo. Mas, nós precisamos brigar pela volta da diretoria do sindicato.

Companheiros que forem favoráveis e que quiserem dar um voto de confiança, levantem a mão.

Eu acho que não há dúvida nenhuma. E mesmo aos descrentes, mesmo aqueles que não acreditam na capacidade de luta do trabalhador, amanhã nós daremos uma lição ao Brasil e ao mundo. Nós voltamos a trabalhar com tranqüilidade.”

E agora retenham bem a última frase:

“Mas, num determinado dia, nós vamos voltar e agir com força total. É isso o que eu proponho aos trabalhadores.”

Oportunismo em romper acordo ou furor heróico da luta sindical?

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