Identidade realmente de quem

“Identidade” traz ao espectador o encontro de duas moças negras, mas uma delas vive como se fosse branca. Vivem nos anos 1920 em New York e o jazz é a principal atração.

Comento a seguir sobre um filme de Hollywood que se chama “Identidade”
(Passing) e que está em exibição pela Netflix. A direção é da cineasta
Rebecca Maria Hall, que vive e trabalha nos Estados Unidos, mas na
realidade nasceu na Inglaterra.

Realmente, é preciso detalhar quando você quer analisar um filme de
Hollywood, desde que se trata da maior indústria de cinema do mundo, e
por isso mesmo não é simples no seu contexto. Desde o seu começo,
Hollywood sempre foi uma mistura, e na verdade os seus maiores cineastas
sempre foram oriundos de várias nacionalidades. Essa moça Rebecca Hall
tem 40 anos de idade, mas já realizou uma dezena de filmes, todos neste
século e também trabalha como atriz e roteirista. Para mim, é uma
aventura, mas me parece gostoso ver filmes que são distantes do meu
gosto.

“Identidade” traz ao espectador o encontro de duas moças negras, mas uma
delas vive como se fosse branca. Vivem nos anos 1920 em New York, e
frequentam bares onde a música jazzística é a principal atração. Isso dá
motivação para que tenhamos excelentes momentos de música de jazz.

Leia também: Em torno de Isadora Duncan

O filme tem um arcabouço cinematográfico simples para o cinema
hollywoodiano, mas a forma como se desenvolve é gostosamente fluida. As
conversas que se desenvolvem entre as duas mulheres principais e algumas
outras, e outros homens, são simples. Entretanto, permitem uma
visualização de pessoas sofisticadas, que embora negras vivem
aparentemente muito bem naquela sociedade superurbana já então. A
diretora certamente, embora vivendo na sociedade norte-americana, tem
uma visão distanciada por ter uma cultura onde passa também a forma de
viver dos ingleses.

Se você é um espectador com uma boa visão cinéfila, sem dúvida gostará
de ficar observando tomadas por tomadas, não simplesmente pelo que
acontece com os intérpretes, mas pela forma como eles atuam, e
particularmente as duas atrizes principais. Cada palavra que dizem é
subordinada à abertura da boca e ao mexer das mãos e do corpo como um
todo. Sobem as pequenas escadas que se situam na entrada de suas casas
como se estivessem cumprindo uma cena de bailado. Vale a pena observar
isso. Da mesma maneira que as pequenas sequências de jazz.

Leia também: Um filme poético e mais irônico

É certo que o cinema hollywoodiano serve ao comércio cinematográfico
em primeiro lugar. Mas também serve para que possamos conhecer a forma
de viver dos norte-americanos, mesmo do passado como no caso dos anos
20 que foi uma época onde a sofisticação era a melhor expressão. Porém
temos que notar que a maior parte do que vemos é puro cinema. E para isso
o espectador paga o ingresso, ou a mensalidade, no caso da plataforma de
exibição.

Olinda, 18. 12. 22

A BALADA DA NOSSA CONQUISTA

As pessoas estão mais inteligentes
E por isso estão mais tristes
As meninas de 13 anos ficam contentes
Mas muito menos do que antes
Eu vi e ouvi uma menina se orgulhando
Porque estava na sua grande beleza
Embora nunca tivesse trepado
E assim cada dia mais urgentemente
As pessoas buscam a perfeição
Já chegaram à conclusão de que só
Ganham dinheiro se forem perfeitas

E numa alegria imensa
Se jogam na conquista da riqueza
Será que vão conseguir esse feito
Antes de explodir a 3ª guerra coitados
Hoje chegamos à conclusão
De que a palavra amor se tornou
Cinco letras bem postas, mas inúteis
Estamos no Natal cristão
E as pandemias ainda ameaçam
Alegria alegria gente
Não se perturbem
Ainda existe terra a conquistar
Mesmo que todas sejam conhecidas
É o tempo que nos domina
E não o caminhar para a morte
Um toque de dedos
Um aperto quase inconsciente
E até mesmo um momento de desmaio
Tudo é possível
Mesmo que o tempo tenha passado
Os belos olhos
Que aumentam na beleza
Quando descobrem novos olhos
Nada está perdido
Porque a morte depende do tempo
E mesmo quando se está perto da morte
A dialética do mundo comanda
Tenhamos força

Azul blu bleu azurro
Inventemos o sorriso dos 13 anos

Olinda, 17. 12. 22

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor