Isadora Pisoni: E tu é do Rap?

Estava em minha casa com o mano Withe Jay aqui da Nação do RS. Ouvíamos uma música que dizia: “Conhecimento é liberdade, tem ditado seu valor”. Essa frase desencadeou em mim uma vontade imensa de falar sobre o hip-hop. O mano Withe perguntou : ''Isa você

Sabe aquele pavio que só faltava ascender para explodir tudo? Foi o que aconteceu com minhas idéias e palavras na mesma hora.  ''Withe, amo sim mas sei que não faço parte dele, não sou nenhum dos 4 elementos''. Acredito no Movimento hip-hop (prefiro chamar assim), acredito no seu potencial de transformação social , atitude e protagonismo.


 


A atitude e indignação que fazem com que uma jovem como eu não aceite e nem veja como normal ter uma cama para dormir e ao meu lado um mano  vivendo na rua, ou  ter  a oportunidade de estudar de me qualificar  e ao mesmo tempo jovens iguais a mim matando e  morrendo nas periferias, são meus amigos, conhecidos ou nada disso.


 


Acredito nas raízes do movimento hip-hop, raízes de um povo, que no Brasil conta com no mínimo 500 anos de desigualdade, exploração, discriminação, violência e a falta de oportunidades. Que apesar de tudo isso encontrou formas de manifestar sua indignação através da música, da dança e das artes plásticas: a cultura hip-hop.


 


Eu, enquanto uma jovem que se indigna e se revolta com a sociedade que vivemos, encontro sim, no movimento hip-hop um espaço. Espaço esse que não é apenas o de mercado como muitos vêem (são vários que pensam assim). Vejo como um espaço para aprender e contribuir com tudo que aprendi até hoje, para que outras pessoas tenham acesso ao que tive, não de forma fácil (nada é fácil), e sim  com sangue, suor e lágrimas não só minhas mas de muitos que nos antecederam.


 


Para isso tenho disposição de contribuir para este movimento com o que sei fazer, é nisto que acredito  e é isto que me move também. Existem milhares de jovens que pensam desta forma e estão apenas aguardando o ''sinal verde'' para chegar junto. Falando de chegar junto, precisamos fazer com que o “tamu Junto” não seja apenas da boca para fora e se torne realidade em todas as horas, todos os lugares para o que der, vier e o que vamos construir.


 


Como falei demais, o mano Withe Jay disse: ''Isa, tu pode não fazer rap, mas você ama e acredita nele, então faz parte dele sim!''. Já estava na hora de darmos aquele rolê por Porto Alegre e tudo ficou mais entendido. Faço parte do 5° elemento que pode contribuir e ajudar a unir os outros 4.


 


Eu estou lado a lado com o movimento hip-hop, além de mim existem muitos manos e manas por este Brasil, que querem estar lado a lado.


 


Isadora Pisoni estudante de jornalismo, assessora de imprensa do grupo DNA MC´s, integrante da Nação Hip-Hop Brasil.

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