Israel poderá bombardear o Irã?

A notícia de que o Irã poderia ser atacado a qualquer momento não é novidade. Seja pelos Estados Unidos, que mantém duas frotas navais no Golfo Pérsico Arábico, seja por Israel não é nova. Pode ser considerada matéria esquentada. No entanto, desde a seman

A quem o Irã ameaça?


 


 


Há alguns anos existe a polêmica se o programa nuclear iraniano seria para fins exclusivamente pacíficos ou poderia redundar na fabricação de um artefato nucelar. Israel que ter o monopólio de só ele possui armas nucleares. Alguns especialistas afirmam que esse país possuiria em torno de 200 ogivas nucleares.


 


 


O Irã é temido pelo mundo ocidental. Pelo governo que representa. Os detentores do poder no Irã são xiitas fundamentalistas, não reconhecem o Estado de Israel e menos ainda que o chamado Holocausto judeu na II Guerra teria ocorrido realmente. Dirigentes israelenses e mesmo americanos dizem que os iranianos estariam sendo anti-semitas com essa pregação.


 


 


De nossa parte não temos motivos para duvidar das intenções do governo iraniano. Até mesmo a Agência Internacional de energia Atômica, presidida pelo insuspeito egípcio Ali Baradei, assegura que o Irã não tem esses planos e nem em 10 anos conseguiria fabricar artefato nuclear algum. A Estimativa Nacional de Inteligência americana, uma espécie de órgão que emite relatórios referentes a questões de inteligência e questões estratégicas dos Estados Unidos, afirmou em relatório recente que o Irã abandonou o seu programa nuclear para fins de obtenção da bomba há mais de cinco anos.


 


 


A revelação feita pela revista New Yorker leva a assinatura de ninguém menos que Seymor Hersh, um dos mais antigos e mais respeitados jornalistas dos Estados Unidos. Um profissional muito sério, cujas fontes são altamente confiáveis. Ele afirma que Bush teria assinado uma ordem de serviço, autorizando um gasto de 400 milhões de dólares para ações que desestabilizem o governo de Teerã, pois vê nesse governo uma clara intenção de fabricar a bomba atômica. Como o governo iraniano, através de seu presidente Mahmoud Ahmadinejad andou dando declarações de que Israel deveria ser destruída e não simplesmente reconhecida, o governo do primeiro Ministro Ehud Olmert vem se preocupando em tomar medidas preventivas que possam evitar algum ataque futuro do Irã contra Israel. A Inteligência israelense menciona que o Irã poderia ter a bomba em até dois anos apenas.


 


 


Na semana passada, um conjunto de operações militares, de simulação de guerra aberta, foram realizadas pela aviação israelense, uma das mais modernas e eficientes forças aéreas do planeta. Nunca nos esqueçamos que essa força aérea dizimou a aviação egípcia antes que essa pudesse sair do solo em junho de 1967, na famosa Guerra dos Seis Dias. Tais operações foram realizadas num espaço aéreo de cerca de 1,5 mil quilômetros, no mar mediterrâneo. Essa distância, por coincidência, é a mesma que separa Israel da base de Natanz, no Irã, onde esse país estaria enriquecendo o seu urânio, que o possibilitaria a fabricar a sua bomba.


 


 


Há um provérbio popular que diz assim: “Onde há fumaça, há fogo”. Neste caso é verdade. Vários analistas internacionais e mesmo editoriais de grandes órgãos de imprensa, como a revista inglesa The Economist ou o conceituado jornal americano The New York Times publicaram editoriais onde aventam mesmo a possibilidade de ataque iminente de Israel ao Irã. E o argumento central é de que isso deve ser feito antes do término do presidente George W. Bush em janeiro de 2009. Bush, no mínimo, não condenaria o ataque perpetrado pela aviação israelense.


 


 


Os editorialistas desses grandes órgãos de imprensa têm por trás a análise de que Barak Obama vencerá as eleições dos Estados Unidos. Vimos registrando aqui nesta coluna que Obama tem feito discursos mais centristas e a mídia registrou isso no último final de semana, dizendo que ele muda de discurso para atrair os votos conservadores nos Estados Unidos. Registramos ainda que em janeiro, quando haviam vários pré-candidatos nos Partidos Democratas e Republicanos, o que defendia a retirada das tropas do Iraque de forma mais rápida era Obama. Falava em três meses. Hoje ele recuou dessas e de outras posições.


 


 


Mas, essa mesma mídia que o critica, sabe que ele pode estar também encenando, fazendo discurso que não seja verdadeiro. Ou seja, dito de outra forma, é muito provável que Obama não apóie mesmo um ataque israelense ao Irã, que elevaria muito as já tensas relações entre os países no Oriente Médio e dificultaria os processos de paz na região.


 


 


Há dois dados que a imprensa registrou na semana que passou e início desta semana. Uma delas é uma declaração contundente do vice-premiê, Shaul Mofaz, de que só teria uma forma de barrar o processo de fabricação da bomba atômica iraniana: seria bombardeando todas as instalações nucleares desse país. E isso seria feito, segundo ele, sem causar problemas políticos maiores, pelo fato que elas seriam feitas de forma “cirúrgicas’, ou seja, com o menor dano possível ás populações civis e apenas os reatores e usinas de processamento e enriquecimento de urânio seriam atingidas. A opinião pública mundial acabaria aceitando os ataques.


 


 


Um segundo dado que veio à tona foi uma audiência privada concedida pelo primeiro Ministro Ehud Olmert a Aviam Sela, um dos estrategistas militares responsáveis pelo planejamento do ataque à central nuclear iraniana de Osiak em 1981. A boataria correu solto em Israel no sentido de que Olmert teria pedido a esse mesmo estrategista que elaborasse um novo plano de ataque.


 


 


Vários órgãos, desde o lobbie pró-judaico nos Estados Unidos, o ex-embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, agência de inteligência, dão conta de um ataque e minimizam os estragos políticos que ela ocorreria. Ainda assim, não arrisco uma previsão de que ela ocorrerá. As chances, porém, de que ocorram são grandes.


 


 


Do lado iraniano, as coisas estão tensas também. Assim que as operações militares, simulações feitas por Israel, Reino Unido e Estados Unidos foram concluídas no Golfo Pérsico, começaram as operações de guerra na forma de simulações, feitas pela guarda Revolucionária do Irã na região do golfo Pérsico-Arábico. Ainda que declarações moderadas vieram à tona vindas da parte do presidente iraniano, a verdade é que as coisas estão muito tensas.


 


 


Um dos principais assessores do líder máximo do Irã declarou no último dia 8 de julho, que qualquer ataque americano ou israelense contra o Irã seria imediatamente respondido e que os atacantes se arrependeriam por isso. Afirmou que isso provocaria incêndios nos interesses vitais tanto de americanos como de israelenses na região. Falou em resposta arrasadora e violenta. Pode ser blefe, mas pode não ser. Quem pagará a aposta para ver esse jogo?


 


 


O próprio comandante geral da Guarda, general Muhammad Ali Jafari, acabou ameaçando bloquear o estreito de Ormutz, que é uma localidade vital, estratégica para a navegação no Golfo. Os americanos temem isso, pois por esse pequeno estreito passam diariamente em torno de 40% de toda a produção petrolífera que abastece o mundo ocidental.


 


 


A verdade é que, mesmo tendo como conseqüência uma forte alta do já alto preço do petróleo (fechado em torno de quase US$150.00 dólares o barril), é cada dia mais provável algum tipo de ataque ao Irã e ás suas instalações nucleares.


 


 


Como já disse, arriscar uma opinião é sempre temerária, mas a situação caminha mesmo para um ataque israelense, com apoio americano, ainda que velado, como foi o de 1981. Vamos conferir isso nos próximos meses.


 


Nota


 


(1) Para escrever a presente coluna semanal, uso como fonte de consulta, além de sites internacionais que visito com periodicidade, as reportagens intituladas “Bush libera verba para desestabilizar Teerã, diz revista”, publicada na Folha dia 1º de Julho de 2008 e “Israel deixa no ar ameaça de atacar o Irã contra bomba”, publicado no mesmo jornal do dia 6 de julho de 2008. Diversas outras matérias com despachos on line de várias agências noticiosas.

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