José Bonifácio: Patriarca da Ciência
Pela primeira vez a figura do ilustre brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva apareceu estampada em um painel central do Congresso Nacional do Partido Comunista do Brasil. Admirável reverência a um ícone da história de nossa nação.
Publicado 24/11/2009 20:57
Ao lado de semblantes da envergadura de Marx e Lênin, representantes legítimos da bandeira do socialismo científico, e de Tiradentes, que tão bem simboliza a luta pela emancipação nacional, José Bonifácio figurou como imagem representativa da independência e soberania do Brasil, o que sinaliza para toda a militância a importância de se fazer valer cada vez mais a consigna do “socialismo com a nossa cara”.
Reconhecer e popularizar biografias do campo patriótico, democrático e progressista deve ser tarefa das mais importantes. Em Cuba, por exemplo, além de se encontrar em todas as escolas um busto em homenagem a José Martí, mártir da independência deste país, sua vida e obra são difundidas massivamente entre a população. O mesmo ocorre em tantos outros países pelo mundo afora, com destaque para a Venezuela que, na atualidade, resgata personagens populares importantes como Francisco de Miranda, Abreu e Lima e o próprio Simón Bolívar.
Aqui no Brasil a história de José Bonifácio é pouco conhecida. Em recente viagem a Portugal, Kerison Lopes (ex-presidente da Ubes e atual secretário estadual de comunicação do PCdoB/MG) relatou sobre o vulto dado a Bonifácio pelos portugueses. E o que talvez seja mais interessante: o reconhecimento feito pela academia lusitana ao cientista José Bonifácio.
Conhecido por nós como o “Patriarca da Independência” por sua destacada vida política voltada à preparação e consolidação da emancipação política nacional, seria igualmente justo chamá-lo de o “Patriarca da Ciência”, em razão de sua profícua vida também como pesquisador.
Foi José Bonifácio um proeminente homem das ciências. Formado em Ciências Naturais em Coimbra, consta em sua biografia um encontro com Lavoisier (químico francês, célebre autor da frase “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”) por ocasião de uma longa e exitosa expedição científica pela Europa, destinada especificamente à química e à mineralogia. Foi também membro Academia de Ciências de Lisboa e da renomada Sociedade de História Natural para a qual escreveu um importante trabalho científico sobre diamantes no Brasil. Frequentou posteriormente a Escola de Minas em Freiberg onde recebeu os certificados conhecidos na época como Orictognosia e Geognosia. Lecionou metalurgia na Universidade de Coimbra e percorreu novamente toda a Europa pesquisando os minerais, publicando relevantes artigos científicos e até descobrindo minérios novos. Retornando ao Brasil, dedicou-se à mineralogia até ser absorvido por completo à vida política e se tornar o grande estadista que conhecemos.
Essa importante face do José Bonifácio cientista é ainda pouco sabida por nós. Tal fato enaltece ainda mais sua biografia e nos incentiva a apostar na ciência como alavanca da independência nacional. Ninguém melhor que o “Patriarca da Independência” para nos comprovar isso.