Lula em queda? Comunicação não é tudo 

Apesar dos avanços sociais e econômicos, governo Lula patina na percepção popular; problema vai além da comunicação e exige reação política mais firme e mobilizadora.

Lula | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Evidente que os últimos números da pesquisa Genial/Quaest, divulgados ontem e hoje, são preocupantes.

Há flagrante discrepância entre o desempenho da economia, considerado bom; a expansão do emprego formal e a elevação da massa salarial dos trabalhadores e a expansão dos programas sociais compensatórios versus o olhar  predominantemente negativo da maioria da população sobre o governo e o próprio Lula.

Urge definir o X da questão. 

A maioria espera mais do que o governo entrega? Ou não está suficientemente informada do que o governo faz?

A guerra cultural digital encetada pela extrema direita faz seus estragos?

O governo dialoga pouco com os segmentos organizados ativos de sua base social?

O governo se comunica mal?

Pouco faz para superar ou pelo menos contornar o poderoso dique de contenção estabelecido pelo complexo midiático dominante? 

A resposta a essas questões é sim. 

Isto numa correlação de forças muito difícil. 

A vitória de Lula nas urnas, por estreita margem, não interrompeu em momento algum a renhida batalha contra a extrema direita. Nem neutralizou suficientemente as forças de centro-direita, expressão consistente e hábil da fortíssima parcela conservadora da sociedade brasileira, com forte representação no parlamento e, inclusive, com assento em alguns ministérios relevantes. 

A anunciada mudança radical na comunicação governamental, que estreou nesta quinta-feira, será suficiente para mudar esse cenário adverso?

Amenizar, talvez sim; superar, não. 

A comunicação não é tudo. O problema principal é político! 

Como pode um governo movido por propósitos tão avançados se permitir permanecer nas cordas, sob pressão do capital financeiro, do agronegócio exportador e da mídia reacionária e se manter na defensiva, sobretudo, pela inapetência na mobilização de sua base social popular? 

Quase impossível alterar, ainda que parcialmente, a horrenda política fiscal e monetária? Por que não debater com o povo?

O descenso momentâneo do movimento de massas não justifica a timidez política de Lula e de sua equipe de governo. 

Para além do balanço apresentado hoje em Brasília importa o entrosamento imediato do presidente da República e dos partidos aliados – ouvindo não apenas o PT – em torno de uma agenda mobilizadora da classe trabalhadora, das camadas populares e segmentos sociais mais amplos. 

Sem medo de ser feliz, ora!

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