Março : hora de relembrar as ações deletérias do imperialismo estadunidense

Era um aviso bem claro de que os EUA não tinham nenhum empecilho em invadir qualquer país que fosse bastando para isso criar uma mentira, descarada ou não

Tanques estadunidenses em Bagdá | Foto: Wikimedia Commons

Hoje no mundo as sanções contra a Rússia, com o claríssimo aspecto de russofobia, estimulada e saudada pela União Europeia e EUA, expõem o quanto é hipócrita o sistema de relações internacionais e o quanto o grande Capital é pernicioso; mostra o quanto a mídia é capaz de tornar-se uma arma de propaganda de guerra e de produção desse preconceito “russofóbico”, cujas consequências não se diluirão ao final dessa conflito bélico. Acrescente-se o papel que a ONU está fazendo, posicionando-se claramente ao lado de um regime, o dos EUA, para pressionar a Rússia, coisa que nem nos tempos da Guerra Fria acontecia.

Estamos em março, e foi nesse mesmo mês, no dia 20, em 2003, portanto estamos a 12 dias de completar 20 anos, a maior potência militar do mundo, invadiu uma nação soberana, o Iraque, com violentíssimos bombardeios. E tudo isso baseado numa das mais sórdidas mentiras criadas por um governo, inclusive apresentada em público pelo secretário de Defesa, Colin Powell, de que o governo de Saddam Hussein teria um grande arsenal de armas de destruição em massa.

Tudo isso foi feito nas barbas da ONU, que mais tarde aceitaria a “posse” do Iraque pelos EUA; e mostrado como um grande show pela chamada “mídia ocidental”. Podemos, e devemos, ressaltar que os EUA, com sua indisfarçável cretinice, dissessem que não fez isso sozinho, mas comandando uma tal “coalizão internacional”, um despautério completo, visto que o maior “exército” dessa força foi a da Itália, com 3.200 soldados, que só entraram no Iraque em julho, depois da queda Bagdad, em abril. Na prática os “exércitos” que auxiliaram as tropas invasoras dos EUA era verdadeiros cascabulhos insignificantes. Devemos, entretanto, retirar dessa “coalizão” a Grã-Bretanha que desde sempre atuou como “força auxiliar direta” e na invasão despejou 45 mil soldados britânicos no país.

E o que aconteceu de lá para cá? Passados quase 20 anos, o que restou desse aventura rocambolesca e que, na realidade, era um aviso bem claro de que os EUA não tinham nenhum empecilho em invadir qualquer país que fosse bastando para isso criar uma mentira, descarada ou não. Primeiramente instalou-se um protetorado dos EUA, com a liquidação completa de toda a estrutura estatal do país, causando a destruição do Estado iraquiano; em segundo lugar, tornou o Iraque um palco sangrento, com o país dividido na prática em três fontes de poder, e com o território iraquiano se tornando o berço de centenas de grupos terroristas e que, entre 2007 e 2013 desatou numa sangrenta guerra civil.

O total de mortes nessa aventura macabra dos EUA, foi e é fonte de controvérsias, mas de acordo com o projeto Iraq Body Count (IBC), mais de 200 mil mortes, só de civis, sem contar os militares mortos, que se forem somados se pode chegar a quase 400 mil mortes. Sem falar nos gravíssimos danos causados por pessoas incapacitadas pela violência, miséria que se espalhou por todas as regiões e o surgimento do Estado Islâmico, que assombrou o mundo.

Mas março também foi o mês em que, com a autorização da ONU, a Otan e os EUA iniciaram o bombardeio às posições do governo de Muammar Gaddafi, com o singelo nome de “exclusão aérea” para, na maior cara de pau, ajudar as tropas rebeldes contra o governo constituído de um país soberano. Exatamente no dia 19, faltando, portanto, 11 dias para completar 12 anos. A “exclusão” matou quase 2 mil líbios e possibilitou a captura e assassinato do então presidente do país. Tudo isso fortemente apoiado pela mídia ocidental, que satanizara Gaddafi como fizera com Saddam Hussein.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor