Meio caminho andado

Um mapa precariamente desenhado mais nos atrapalhava do que orientava. E nada de encontrarmos a vereda principal que nos levaria à chácara. O jeito foi pedir ajuda a um morador da região, que transitava a cavalo, jeitão meio modorrento.

Depois de nos ouvir e examinar o tosco mapa e também nada entender, saíu-se com essa:

– Meninos, vocês sabem aonde querem chegar?

– Sim, amigo, apenas não sabemos o melhor caminho…

– Procurem até achar, não desanimem. Quando a gente sabe o que quer já é meio caminho andado.

Obviamente que em nada o sujeito nos ajudou, antes provocou risos com tirada quase filosófica.

Pois bem. No Brasil de hoje, sob o governo Lula, muitos dos que o apóiam sabem com alguma clareza aonde querem chegar: a um projeto de desenvolvimento do país democrático e soberano. Mas falta criar condições básicas para tanto. Na economia e na política.

Disso se ocupou o Comitê Central do PCdoB no último fim de semana. E concluiu que três elementos são indispensáveis para que possamos chegar aonde desejamos.

Primeiro, um pensamento avançado que dê conta dos enormes problemas políticos e técnicos que aguardam resposta para a devida formatação do novo projeto. Isso implica muito estudo, debate e confronto com as idéias conservadoras.

Segundo, a consolidação da ampla base política, parlamentar e extra-parlamentar, que sustenta o governo. O que reclama descortino largo, amplitude e flexibilidade no relacionamento entre as correntes políticas aliadas.

Terceiro, que se faça presente na cena nacional um movimento social amplo e autônomo, integrado à luta política – capaz de ultrapassar os limites da luta corporativa, setorial, localizada.

Os comunistas reconhecem que têm um papel essencial a cumprir no provimento dessas três condições e buscam cumpri-lo interagindo com partidos, organizações democráticas e populares, intelectuais e personalidades representativas das mais diferentes áreas. 

Por aí – diria o morador de Aldeia – meio caminho pode ser andado.