Mil Dias de Desgoverno: um país à deriva

Temos de tudo um pouco, material suficiente para que tenham a oportunidade, quem sabe no futuro, de produzir estudos ou apenas descrever como uma nação foi submetida a essa tragédia histórica

Fotomontagem feita com as fotos de: Freepik;

O BraZil parece ter se tornado um campo de experiências bizarras, vindas especialmente da extrema-direita. Temos de tudo um pouco, material suficiente para que economistas, sociólogos, antropólogos, psicólogos, etc., tenham a oportunidade, quem sabe no futuro, de produzir estudos ou apenas descrever como uma nação foi submetida a essa tragédia histórica.

Enquanto a economia permanece em estado de transe, paralisada pela completa falta de ação do governo, numa espécie de “laissez faire, laissez passer” tresloucado, a população mais pobre padece terrivelmente. O fantasma da fome está cada vez mais presente na porta das famílias de rendas mais baixas.

Os mil dias do governo Bolsonaro parecem ter durando mil anos, tal é o nível de destruição produzido por essa matilha, e tem produzido infâmias, como as disparadas pelo Tesouro Nacional que, diante do déficit registrado de janeiro a agosto de 2021 ter sido de R$ 83,3 bilhões, simplesmente o quarto pior resultado para o período desde o início da sua série histórica, em 1997, promoveu a transformação do “ruim” em “bom”, estabelecendo como parâmetro para uma avaliação positiva, as expectativas dos analistas de que só em agosto o déficit seria de R$ 24,9 bilhões, mas foi de “apenas” R$ 9,8 bilhões.

O torniquete fiscal da Emenda Constitucional 95, festejadíssima pelos liberais de proveta, por canalizarem a arrecadação para a melhoria do resultado primário e para o manuseio do endividamento, em meio a uma devastadora crise econômica, tem um tom de deboche macabro. Os festejos e algazarras com essa notícia, exige daquelas pessoas com o mínimo de bom sendo, uma reflexão sobre o futuro desse país.

O aumento da Taxa Selic, agora em 6,25% ao ano, e com perspectiva de chegar aí final de 2021 em 7,25%, faz as polianas da economia diminuírem o tom excessivamente ufanista e já começam a reconhecer que, com esse tipo de condução da política econômica, ou seja, nenhuma condução, a nau chamada “BraZil” continua à deriva, enquanto os piratas continuam saqueando-o.

Foto: Adriano Machado/Reuters

Não há um único setor que se possa dizer que houve de algo positivo no governo do Mandrião. Nada. Só desgoverno, corrupção deslavada, perseguições aos servidores públicos, ataques ao meio-ambiente, favorecimento do crescimento das milícias digitais e, acima de tudo, um ódio latente ao pobre. Faz parecer que o presidente tem um desejo mórbido de exterminar negros, índios, pobres, gays e tudo mais que o seu pensamento doentio perceba estar fora do seu arco ideológico.

Aparentemente Bolsonaro chegará a outubro de 2022 com força suficiente para a disputa presidencial, já que mantém uma parcela da população ao seu lado, enquanto as oposições começam a se organizar, não de forma unidade, mas pensando no que pode obter de ganhos eleitorais, o que não deixa de ser trágico.

Os mil dias de Bolsonaro mostram a fragilidade do nosso sistema político, é verdade, mas revela o quanto estamos a mercê dessa nova peste do século XXI: o extremismo fascista.

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