Milagre sem santo

Nos balanços de fim de ano feitos pelos meios de comunicação houve uma má contida euforia pelas vendas, pelas compras, pelos resultados econômicos. Aqui e ali, também, foram registradas as mudanças de padrão de consumo das pessoas com migrações em massa d

As vendas, as compras, os aumentos de renda disponível fazem a base da realidade retratada e comentada em todos os tons. Mas, pensadas as coisas com frieza, ficou faltando ao descrever o milagre nomear o santo.



Começamos com os ganhos de renda: já escrevi que se o salário mínimo tivesse sido apenas corrigido pela inflação ele valeria R$ 205, no máximo; o seu valor de R$ 380, com uma diferença para mais de R$ 175 foi resultado do esforço de quem, de que lutas? Os ganhos reais nos salários reajustados que também garantem compras e vendas, caíram do céu das empresas ou foram conquistados e negociados? E a correção em 4,5% da tabela do imposto de renda? Vocês já compreenderam: o santo que ficou faltando nomear é o movimento sindical dos trabalhadores, é a unidade de ação, as mobilizações e a luta qualificada de milhares e milhões de ativistas que durante o ano de 2007, com muita ênfase depois do veto presidencial à emenda 3 da Super Receita, foram beneficiários, parceiros e agentes do desenvolvimento econômico, da criação de empregos e da distribuição de renda facilitada pelos resultados das políticas do governo.



Mas a mídia persistiu em não nos reconhecer. As revistas Época e IstoÉ editaram os seus respectivos elencos de personalidades brasileiras marcantes em 2007; o suplemento EU& do Valor editou seu dicionário de 2007, com fatos e personagens; a revista Veja publicou seu balanço do ano com tintas macabras; mas em todos estes repertórios ficou sempre ausente o mundo do trabalho e o movimento sindical dos trabalhadores; o grande vitorioso de 2007.

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