Movimento estudantil continental em vésperas de congresso

Dez entidades de um total de quinze que compõem o secretariado geral da Organização Continental Latino Americana e Caribenha de Estudantes (OCLAE) estiveram em Havana, Cuba, entre os dias 5 e 10 de setembro, participando da última reunião que precede o 15

Além das três entidades representantes dos estudantes do ensino básico, universitário e da pós-graduação no Brasil (UBES, UNE e ANPG, respectivamente), estiveram presentes também a Associação de Estudantes Universitários (AEU) da Guatemala, a União Nacional de Estudantes da Nicarágua (UNEN), a Associação Colombiana de Estudantes Universitários (ACEU), a Federação de Centros Universitários Simón Rodrigues da Venezuela, a Federação de Estudantes Universitários do Equador (FEUE), a Federação de Estudantes Politécnicos do Equador (FEPE) e a Federação de Estudantes Universitários (FEU) de Cuba para tratarem, sobretudo, da 15ª edição do CLAE.


 


A presença de todas as entidades estudantis brasileiras na reunião demonstra a vitalidade do movimento estudantil de nosso país que é expresso, inclusive, na própria composição do secretariado executivo e no secretariado geral da OCLAE. UNE, UBES e ANPG são organizações respeitadas por todas as entidades estudantis do continente que as têm como certa referência de unidade e luta. Afinal, não são todos os países que podem contar com entidades estudantis nacionais unitárias mesmo comportando distintas correntes de pensamento. Em especial, a UNE vai conquistando também uma autoridade referente à questão cultural em decorrência de sua experiência histórica nessa frente de atuação, principalmente nos últimos anos com as Bienais e os Cucas. Prova disso é a primeira Bienal de Cultura e Arte colombiana a ser realizada pela irmã ACEU em outubro próximo que tem como inspiração as realizadas pela UNE no Brasil.


 


A contribuição do movimento estudantil brasileiro na reunião do secretariado geral foi importante na definição da linha política estudantil que vai se construindo de forma unitária em conjunto com as demais organizações. Embora as realidades sejam distintas em cada país, o desejo de se trabalhar por uma genuína integração regional voltada aos nossos interesses é anunciado no próprio lema do Congresso da OCLAE: “Unida, América Latina triunfa”.


 


E a construção dessa unidade vai levando em conta as especificidades e a correlação de forças vivenciada por cada entidade em seu respectivo país. Seria um erro se o movimento estudantil continental adotasse um pensamento estanque e homogêneo para toda a região, desconhecendo as singularidades existentes. Assim sendo, processos de integração como Alba, Unasul ou Mercosul não podem ser vistos como antagônicos, senão iniciativas que refletem o acúmulo político dado em um determinado momento que pode e deve ser impulsionado a novos patamares com a incorporação dos governos progressistas.


 


Partindo dessa compreensão a educação é concebida pelo movimento estudantil como um estratégico instrumento para a integração entre povos e nações, servindo ao combate das assimetrias existentes. Os estudantes vão reivindicando compromissos dos chefes de estado em relação à criação de universidades latino-americanas com elevado nível de ensino, pesquisa e extensão (Universidade do Sul, Universidade da Amazônia, etc.), estímulo ao intercâmbio científico e a mobilidade estudantil entre os países da região, fixação de cérebros em nosso continente, entre outras iniciativas.


 


A reunião do secretariado geral apontou para a centralidade da unidade latino-americana nesse momento histórico que vivemos pautando a educação como ferramenta estratégica. Durante cinco dias, no meio do mundo, teremos a oportunidade de ratificar esses compromissos assumidos e propalar o movimento estudantil a um novo patamar de ação.


 


Certamente essa última reunião com essas dez entidades ficará registrada como um encontro que primou pelo espírito unitário em torno de uma concepção política educacional e cientifica avançada voltada aos povos e, mais que encaminhar tarefas, propor ajustes e definir responsáveis, apontou para um eixo balizador de ação para o próximo semestre e para o Congresso.


 


Para descrever esse atual momento poderíamos ter encerrado a reunião com versos de nossos poetas “hermanos” como Pablo Neruda, Nicolas Guillén, Rubén Darío e tantos outros, mas num lapso de saudável “bairrismo” exaltamos nosso conterrâneo das Minas Gerais, Carlos Drummond de Andrade: “…O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas…”.


 


Com esse espírito, uma preparada e disposta delegação brasileira deverá estar presente ao Congresso da OCLAE no Equador em número de cem representantes a serem definidos pelo Comitê Nacional Preparatório constituído por UNE, UBES e ANPG. Os estudantes brasileiros, ao mesmo tempo em que terão o privilégio de assistir a uma extraordinária atividade, serão protagonistas de mais uma importante página da rica história do movimento estudantil latino-americano.


 


Todos(as) juntos(as) ao Equador, no 15º Congresso da OCLAE, de mãos dadas pela educação libertária dos povos irmãos da América Latina!

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